Stephanie Caroline Matos Dantas[1]
O que significa Seridó?
Para algumas pessoas, uma região localizada no sertão do Rio Grande do Norte,
para outras, nada. Para mim um lugar familiar que nunca conheci.
Titina Medeiros e Nara Kelly. Foto Raíssa Dourado. |
No dia 25 de setembro,
dentro da programação do Festival Palco Giratório, ocorreu a apresentação do
espetáculo Meu Seridó, no Teatro 1 do Sesc. Meu Seridó é o primeiro espetáculo da
produtora Casa de Zoé. A produtora e o espetáculo foram idealizados pela atriz
Titina Medeiros, que teve o desejo de montar um monólogo que contasse a
história do Seridó, região natal da atriz.
Porém a ideia transformou-se em um espetáculo com três atores e duas
atrizes em cena: Titina Medeiros, Nara Kelly, Caio Padilha, Marcílio Amorim e
Igor Fortunato que a cada cena interpretam
diferentes personagens que dão vida à história do Seridó. O espetáculo tem a
direção de César Ferrario e dramaturgia de Filipe Miguez.
De forma lúdica e cômica,
por meio da estética do teatro popular nordestino, vamos conhecendo a origem do
Seridó. Ao contar sobre a história dessa região, o espetáculo acaba falando
também sobre o processo de colonização do Brasil.
Caio Padilha, que também assina a direção musical. Foto Raíssa Dourado. |
A música é um elemento
marcante em toda a encenação, cantada e tocada ao vivo pelo elenco. São canções divertidas e poéticas que ficam gravadas
em nossa mente. Às vezes, pego-me cantando a música da Rádio Difusora de Caicó
ou dos três portugueses.
Por falar em rádio, uma
das cenas mais encantadoras e divertidas, ao meu ver, foi a radionovela. Nesta
cena, os locutores da Rádio Difusora de Caicó narram a história amorosa de
Josefa e Caetano Dantas Correio, enquanto duas atrizes dublavam e encenavam a
história. Fiquei encantada pela forma como fizeram, pois, a radionovela era transmitida nas rádios, onde se utilizava apenas a voz e a imagem
ficava a cargo da imaginação do ouvinte. A proposta de ter narração e imagem,
foi uma escolha certeira por parte da direção.
Assistindo ao espetáculo
tive uma sensação de familiaridade, de conhecer o Seridó mesmo sem nunca ter
colocado os pés nesta região. Deve-se isso ao fato de que a história contada é
a nossa história e também porque a encenação foi tão bem-feita que viajamos ao
Seridó em uma hora de espetáculo e voltamos sentindo saudades desse lugar
mágico que está tão longe e ao mesmo tempo tão perto de nós.
Elenco de Meu Seridó. Foto Raíssa Dourado. |
A
montagem de Meu Seridó foi possível
devido a Lei Djalma Maranhão (lei de incentivo à cultura, criada e promovida
pela a Prefeitura de Natal) e graças ao projeto Palco Giratório, o espetáculo
circulou por vários estados do Brasil. Ressalto que políticas públicas e
projetos como Palco Giratório são necessários e importantes, pois nos afeta
diretamente, assim como afetou o público de Porto Velho que saiu do teatro
tendo um novo olhar sobre o sertão nordestino.
[1]
Aluna do Curso de
Licenciatura em Teatro da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Participante
do Grupo de Pesquisa e Extensão em
Crítica Teatral. Atuou como atriz nos espetáculos: Inimigos do Povo da Trupe dos Conspiradores e CIDADE GRANDE, João Ninguém do Grupo Peripécias (DArtes/UNIR).
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