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quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Tão longe e tão perto


Stephanie Caroline Matos Dantas[1]

O que significa Seridó? Para algumas pessoas, uma região localizada no sertão do Rio Grande do Norte, para outras, nada. Para mim um lugar familiar que nunca conheci.
Titina Medeiros e Nara Kelly. Foto Raíssa Dourado.

No dia 25 de setembro, dentro da programação do Festival Palco Giratório, ocorreu a apresentação do espetáculo Meu Seridó, no Teatro 1 do Sesc. Meu Seridó é o primeiro espetáculo da produtora Casa de Zoé. A produtora e o espetáculo foram idealizados pela atriz Titina Medeiros, que teve o desejo de montar um monólogo que contasse a história do Seridó, região natal da atriz.  Porém a ideia transformou-se em um espetáculo com três atores e duas atrizes em cena: Titina Medeiros, Nara Kelly, Caio Padilha, Marcílio Amorim e Igor Fortunato que a cada cena interpretam diferentes personagens que dão vida à história do Seridó. O espetáculo tem a direção de César Ferrario e dramaturgia de Filipe Miguez.

De forma lúdica e cômica, por meio da estética do teatro popular nordestino, vamos conhecendo a origem do Seridó. Ao contar sobre a história dessa região, o espetáculo acaba falando também sobre o processo de colonização do Brasil.
Caio Padilha, que também assina a direção musical.
Foto Raíssa Dourado.

A música é um elemento marcante em toda a encenação, cantada e tocada ao vivo pelo elenco. São canções divertidas e poéticas que ficam gravadas em nossa mente. Às vezes, pego-me cantando a música da Rádio Difusora de Caicó ou dos três portugueses.

Por falar em rádio, uma das cenas mais encantadoras e divertidas, ao meu ver, foi a radionovela. Nesta cena, os locutores da Rádio Difusora de Caicó narram a história amorosa de Josefa e Caetano Dantas Correio, enquanto duas atrizes dublavam e encenavam a história. Fiquei encantada pela forma como fizeram, pois, a radionovela era transmitida nas rádios, onde se utilizava apenas a voz e a imagem ficava a cargo da imaginação do ouvinte. A proposta de ter narração e imagem, foi uma escolha certeira por parte da direção.

Assistindo ao espetáculo tive uma sensação de familiaridade, de conhecer o Seridó mesmo sem nunca ter colocado os pés nesta região. Deve-se isso ao fato de que a história contada é a nossa história e também porque a encenação foi tão bem-feita que viajamos ao Seridó em uma hora de espetáculo e voltamos sentindo saudades desse lugar mágico que está tão longe e ao mesmo tempo tão perto de nós.
Elenco de Meu Seridó. Foto Raíssa Dourado.

A montagem de Meu Seridó foi possível devido a Lei Djalma Maranhão (lei de incentivo à cultura, criada e promovida pela a Prefeitura de Natal) e graças ao projeto Palco Giratório, o espetáculo circulou por vários estados do Brasil. Ressalto que políticas públicas e projetos como Palco Giratório são necessários e importantes, pois nos afeta diretamente, assim como afetou o público de Porto Velho que saiu do teatro tendo um novo olhar sobre o sertão nordestino.


[1] Aluna do Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Participante do Grupo de Pesquisa e Extensão em Crítica Teatral. Atuou como atriz nos espetáculos: Inimigos do Povo da Trupe dos Conspiradores e CIDADE GRANDE, João Ninguém do Grupo Peripécias (DArtes/UNIR).


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