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segunda-feira, 15 de abril de 2019

UM TCC: UM GRITO DE PROTESTO



O que a busca de um tema para o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) pode gerar? No caso de Raoní Amaral, aluno do curso de Licenciatura em Teatro, um espetáculo. A ideia surgiu quando Raoní teve contato com o grupo de pesquisa GEPIAA (Grupo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares Afro-Amazônicos) dentro da disciplina História da Cultura Afro-brasileira e Indígena, ministrada pelo professor doutor Marco Teixeira. O grupo estava iniciando suas pesquisas sobre a mãe de santo Dona Eunice, que foi uma importante líder religiosa de Porto Velho. Raoní, o diretor, atravessado pela história, teve a ideia de montar um espetáculo inspirado nessa temática.
O espetáculo IFÉ da Cia beradera de Teatro, estreou no dia 23 de março de 2019 e atualmente está em cartaz. A peça traz questões de religiões de matrizes africanas e contou com a dramaturgia do próprio diretor. A encenação passa-se em um antigo ''hotel/pousada" localizado na Avenida Sete de Setembro, principal avenida do centro da cidade. O espaço intimista contribuiu para aproximação entre público e atores, possibilitando uma interação entre si. A interação dar-se por meio de olhares, toques, diálogos, porém o público não chega a entrar em cena junto com os atores, oportunidade que poderia ser aproveitada, como por exemplo, nos rituais que envolvem as danças.
A música e a dança dialogam o tempo todo com a encenação, elementos muito bem aproveitados que nos remetem aos terreiros. Vale ressaltar a questão dos figurinos que caracterizam e representam as religiões de matrizes africanas. 
Ao final do espetáculo existe uma itinerância dentro do hotel, na qual o público escolhe uma vela; a cor da vela os direciona para um quarto. As cenas foram criadas pelo próprio elenco e tratam sobre temas de LGBTfobia, escravidão e a mulher ribeirinha.  Uma proposta bem elaborada do diretor, pois ele proporcionou autonomia aos atores para expressarem o que queriam. 
IFÉ vem como um grito de protesto contra todo o racismo, violência, preconceito e intolerância religiosa que estamos vivendo no Brasil e no mundo. O espetáculo expande a mente do público, tirando-os do senso comum a respeito das religiões de matrizes africanas.  

Stephanie Caroline Matos Dantas. 
Estudante do Curso de Licenciatura em Teatro (UNIR); critica produzida na disciplina Teorias do texto dramático e espetacular, ministrada pelo professor Dr. Júnior Lopes.