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sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Chicão Santos: quatro décadas de teatro

Adailtom Alves Teixeira[1]

Dia 30 de novembro tivemos o último encontro do ano do projeto Conversa de Quinta: arte e cultura em debate, recebemos Chicão Santos, diretor e produtor teatral. Capixaba de São Mateus, o artista está em Rondônia desde 1976 e começou a fazer teatro em 1978 na cidade de Cacoal, onde criou ou participou de alguns grupos teatrais.

Com quase 40 anos de teatro, a história de Chicão Santos se confunde com grande parte da história do próprio estado e o artista tem os períodos e as datas muito vivas em sua memória, o que reforçou ou clarificou datas e dados de convidados anteriores, como, por exemplo, a chegada do Sindicato dos Artistas na década de 1990. Ao invés de reforçar a prática dos artistas amadores, o sindicato vai cobrar uma profissionalização que não existia, fazendo com que os artistas diminuam as produções e, por causa disso também, fez surgir um importante festival em Porto Velho: o FEMUT – Festival Estudantil Municipal de Teatro, de onde saíram muitos artistas presentes na cena de hoje.

Chicão fez teatro no interior de Rondônia, teve uma rápida passagem por Brasília e depois chegou à capital. Destaco duas importantes contribuições após sua chegada a Porto Velho: a criação do grupo O Imaginário e o Festival Amazônia Encena na Rua.

O Festival Amazônia Encena na Rua é uma referência nacional para quem faz teatro de rua e projetou a imagem da cidade para o restante do país. Muitos coletivos de todas as partes do Brasil já passaram pelo festival, com um público de dezenas de milhares de pessoas.

Já o grupo O Imaginário, a doze anos vem contribuindo com a cena portovelhense, contribuindo com uma pesquisa que tem focado no universo feminino, principalmente no que tange a violência a esse grupo social. A pesquisa, segundo Chicão, iniciou com a vinda de Bya Braga, que ministrou uma oficina e trabalhou um processo a partir da peça de William Shekespeare, Rei Lear, focando nas mulheres dessa peça. A partir daí mergulharam nas histórias das mulheres no período do ciclo da borracha, de onde surgiu a performance Ponto de Fuga, que deu origem ao espetáculo Filhas da Mata.

Filhas da Mata percorreu 40 cidades das cinco regiões do Brasil no projeto do Sesc chamado Palco Giratório. Se tornando o segundo grupo do estado a circular nacionalmente. O primeiro, confirmado por Chicão Santos, foi Água de Chocalho, do qual participavam Bira Lourença, que hoje contribui com O Imaginário, criando as trilhas das peças.

Ainda no universo feminino veio Mulheres do Aluá, criado a partir de processos judiciais do início do século XX e contou com a contribuição na pesquisa da poetiza Nilza Menezes. O espetáculo percorreu outro projeto importante: Amazônia das Artes. Ainda com contribuições da poetiza Nilza Menezes, especificamente de seus versos, veio um outro espetáculo: A arma da mulher é a língua.

Chicão tem contribuições também no campo da política pública, onde tem militado, como informou, desde a década de 1980, mas de forma institucional. Além disso, O Imaginário coordena o espaço Tapiri, sede do grupo e onde são desenvolvidas diversas atividades teatrais, sobretudo oficinas.

Acompanhe toda a conversa no link abaixo:

https://youtu.be/tE4k1rZZv6g


[1] Professor do Curso Licenciatura em Teatro da Universidade Federal de Rondônia; mestre em Artes pela UNESP; coordenador do projeto Conversa de Quinta.