Adailtom Alves Teixeira[1]
Perdida em uma pasta sem status de secretaria e somada a diversas outras áreas, a cultura em Rondônia vem
sofrendo seus percalços, pois as pessoas alocadas nas últimas gestões para
gerirem a Sejucel vem de áreas poucas afeitas à cultura. A gestão dos recursos
advindas da Lei Aldir Blanc – em Rondônia foram mais de 18 milhões de reais –,
revelou a imensa potência criativa e artística no estado e a evidente
necessidade de uma pasta própria, com pessoas que entendam dos fundamentos da
cultura, de suas políticas e gestão. E desde já, cabe ressaltar que o poder
público não tem que fazer cultura, mas criar as condições para quem de fato
faz, seu papel é criar, em diálogo com o movimento cultural, políticas públicas
adequadas, de forma a permitir a expressão artística em sua potência,
garantindo o acesso das artes às/aos cidadãs/ãos em geral.
A Rede ProCultura, movimento
articulado em todo o estado, vem discutindo e pleiteando que a cultura seja
desmembrada da Sejucel e que seja criada uma secretaria específica. Na última
eleição esta foi uma de suas reivindicações, por meio de documento (aqui) entregue
para alguns candidatos. No entanto, durante a campanha o movimento não foi
recebido pelo governador Marcos Rocha, mas cabe informar que este, em
entrevista no programa Conexão do Rondônia ao Vivo (aqui), manifestou seu
desejo de desmembrar a Superintendência, mas tratando apenas do esporte, isto
é, prometeu separar o esporte das demais áreas.
Faz-se necessário uma secretaria
específica de cultura, posto haver inclusive uma política pública no estado, o
Fundo de Desenvolvimento Cultural, ainda que venha funcionando de forma
intermitente, mas mais que isso, devido aos rumos nacionais que se apresentam
para a cultura brasileira, como a volta do Ministério da Cultura e leis e
recursos já assegurados para a área pelos próximos anos, via Lei Paulo Gustavo
e Lei Aldir Blanc 2. Rondônia é um polo produtor de cultura importantíssimo,
com festivais de teatro e grupos reconhecidos nacionalmente, uma música
potente, um audiovisual que vem se destacando ao ganhar prêmios Brasil a fora e
uma cultura popular vastíssima, além de uma cultura indígena, quilombola e
ribeirinha que merece aparecer para todo o país. É certo que toda essa potência
gerará muitos empregos e divisas em todo estado, além de fortalecer a
identidade e outros aspectos simbólicos de Rondônia. É certo também que o
movimento cultural rondoniense deseja ver cumprida a promessa do governador
Marcos Rocha, o desmembramento da Sejucel e a criação de uma secretaria de
cultura, para que os artistas dos diversos segmentos, bem como os gestores de
cultura dos municípios possam ter um diálogo mais aprofundado sobre a área
cultural.
[1] Doutorando em Artes pelo Instituto de
Artes da Universidade Estadual Paulista (Unesp); mestre em Artes pela mesma
instituição; graduado em História; professor adjunto do Departamento de Artes
da Universidade Federal de Rondônia (Unir); articulador da Rede Brasileira de
Teatro de Rua (RBTR); ator e diretor integrante do Teatro Ruante.
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