Adailtom
Alves Teixeira[1]
A criação deste
blog se insere em um processo de pesquisa iniciado em 2017, quando desenvolvi
um projeto de extensão pelo Departamento de Artes da Universidade Federal de
Rondônia (Unir), junto ao Curso de Licenciatura em Teatro, chamado de Conversa de Quinta: arte e cultura em debate.
Naquele momento foram realizados alguns encontros com diversos fazedores e
registrados em vídeo, disponibilizados em meu canal no YouTube. O objetivo era
conhecer um pouco mais da história do teatro local, já que eu havia aportado na
cidade em 2014. Tal projeto desembocou em um projeto de pesquisa maior, um doutoramento,
ainda em curso, no qual eu pesquiso quatro décadas da prática dessa linguagem
na capital rondoniense (1978-2018). Por estar no último ano do doutoramento e posto
que a década de 1980 está um pouco mais distanciada, vou registrar e divulgar
por aqui alguns documentos encontrados ou disponibilizados pelos fazedores daquele
período, de forma que outros/as pesquisadores/as e interessados/as em geral
possam acessá-los.
A década em tela é significativa por diversos motivos,
afinal foi em dezembro de 1981 que Rondônia deixou de ser Território e passou a
ser Unidade Federativa, fazendo com que a bandeira brasileira ganhasse mais uma
estrela. Além disso, foi uma década de muitas mudanças e esperanças, viveu-se o
fim de uma ditadura que durou vinte e um anos; houve todo um movimento político
forte e a criação de um pacto nacional, elegendo deputados/as constituintes e
daí nascendo uma nova Constituição (1988), vigente até hoje; em Rondônia houve
esperança de uma nova vida para muitas pessoas, pois naquele momento teve um
intenso crescimento populacional, devido as grandes levas de migrantes que o
estado recebeu, processo que impactou também a linguagem teatral, sendo que,
até hoje, muitos dos fazedores mais experientes e ainda atuantes são pessoas vindas
de outros lugares do Brasil e aqui auxiliaram na diversidade cultural da cidade
de Porto Velho por meio do teatro.
Matéria do jornal Alto Madeira, publicado em 22 e 23 de fevereiro de 1981 à página 3. |
O primeiro documento que ora apresento, ainda não é sobre teatro, mas justamente uma matéria do jornal Alto Madeira que aborda essas grandes mudanças que ocorria em Rondônia: a mudança de Território para estado; o crescimento populacional devido à migração, posto que o censo revelou uma verdadeira “explosão” em uma década, já que em 1970 eram pouco mais de 150 mil habitantes que ocupavam sobretudo Porto Velho e Guajará-Mirim e em 1980, devido aos mais de 500 mil migrantes – que continuariam a chegar por toda década, chegou próximo de um milhão de habitantes; a matéria apresenta Rondônia como um estado agrícola, em certa medida graças aos projetos de colonização que havia na época, tanto que foram assentadas 12 mil famílias no ano anterior (1980) e se previa o assentamento de mais 15 mil em 1981. Evidente que todos esses processos são contraditórios e merecem serem conhecidos e esmiuçados, não é meu intuito aprofundar aqui, mas fica o alerta cabendo apenas informar que há pesquisas sobre tais temas.
[1]
Doutorando em Artes pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista
(Unesp); mestre em Artes pela mesma instituição; graduado em História pela
Universidade Cruzeiro do Sul; professor adjunto do Departamento de Artes da
Unir; autor do livro Teatro de Rua –
identidade, território pela Giostri (2020) e coorganizador do livro Paky'op:
experiências, travessias, práxis cênica e docência em Teatro pela Edufro (2022); articulador da Rede
Brasileira de Teatro de Rua (RBTR); ator e diretor teatral; integrante do
Teatro Ruante.
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