Dennis Weberton
Vendruscolo Gonçalves[1]
Trabalho
apresentado ao curso de Licenciatura em Teatro da Fundação Universidade Federal
de Rondônia (UNIR), na disciplina
“Teatro Brasileiro”, sob orientação do Professor Mestre Adailtom Alves Teixeira.
Acompanhe
o processo de montagem do espetáculo “À Margem”, idealizado por mulheres do
Grupo de Teatro Wankabuki, de Vilhena (RO)
“Caiu,
caiu, do pé de ipê, uma flor amarela bonita de ver”, cantam enquanto descem a
barranca de um rio. Você vai ouvir mais uma vez, quem sabe a única vez o canto
delas. Essas mulheres que viram e
ouviram a história contada nas feiras, após missas, num encontro furtivo entre
comadres, nas beiras dos rios, seus locais de trabalho. Nessa história gente
importante é vista de longe, com olhos bem miúdos e com pouca palavra. Outras
bocas, as bocas e braços invisíveis, desenrolam as trouxas de lembranças, de
fragmentos domésticos, esfregam as roupas-memórias, enxáguam na
água-acontecimento-esquecimento e colocam para secar nos varais do tempo. Um
tempo em que poeira, lama, suor, e por que não, lágrimas, garantiam o sustento
de muitas mulheres e suas famílias em Rondônia. Este estado, com todas as suas
complexidades e disparidades, com céu azul, como brada o hino rondoniense, e
também com seus rios assoreados, mortos, encurralados, é revisitado no
espetáculo “À Margem”, realizado por mulheres artistas do Grupo de Teatro
Wankabuki, localizado no município de Vilhena, distante mais de 700 km da capital Porto
Velho.
![]() |
Valdete Sousa. Foto Dennis Weber. |
A
trama de “À Margem” foi construída a partir de vozes femininas, de mães e avós,
que em cena contam as histórias de rios mortos e também de famílias que
abandonaram suas origens em outras paragens do Brasil e partiram em busca do
Eldorado, da terra prometida, da fartura disponível mais ao Norte, como
bradavam os anúncios midiáticos. “Em 2016 nós montamos ‘Contos do não-rio’ [uma breve cena apresentada na segunda
edição do Festival Amazônico de Monólogos e Breves Cenas] que provém de uma
pesquisa sobre a vinda das nossas mães para cá. Eu sentia necessidade de
começar a falar daquilo que é nosso. Eu queria contar a história de um rio
morto, como tantos outros que temos aqui na cidade, dentre eles o Pires de Sá.
Ao mesmo tempo eu via que a história desse rio passava pela história da
ocupação de Vilhena. Enquanto a cidade ia crescendo o rio ia minguando, então queria
falar sobre isso. Comecei a conversar com minha mãe e com pessoas mais velhas,
perguntando como que era quando elas tinham chegado aqui. Daí eu tive esse
estalo da vinda da minha própria mãe e comecei a relembrar as histórias que
escutei na infância e desta forma foi surgindo a dramaturgia de ‘À Margem’”,
relata Valdete Sousa, uma das fundadoras do Grupo de Teatro Wankabuki e
responsável pela dramaturgia e direção de “À Margem”, espetáculo contemplado
pelo Prêmio Sesc de Incentivo às Artes Cênicas em 2018.
Resgatando
um quase morto
O
Rio Pires de Sá, ao qual Valdete se refere, é um dos mais importantes de
Vilhena e está localizado, em partes, na zona urbana do município. Ao longo do
processo de ocupação populacional, o rio foi degradado, chegando a quase sumir.
Quase. Através da iniciativa da professora Ana Neri, que atua em uma escola
estadual, um projeto propôs a recuperação de nascentes e matas ciliares. O
resultado foi o plantio de mais de sete mil mudas e a preservação de uma das nascentes,
como aponta uma reportagem publicada em 24 de outubro de 2014 pelo Portal de
Notícias G1 Rondônia. Em contato com a professora, Valdete tomou conhecimento
das pesquisas realizadas. “Ela tem essa
pesquisa com mais de dez anos, que faz junto com os alunos da escola. Em
conversa, ela falava sobre o Pires de Sá, sobre a revitalização do rio, que
antes estava só um filete, já não tinha nem água mais, e aí comecei a me
interessar muito por essa pesquisa dela e falei ‘Ana Neri a gente tinha que
escrever um espetáculo sobre isso né’. Comecei com essas conversas com a minha
mãe sobre um rio que tinha quando nos mudamos para Ji-Paraná e que hoje não
existe, e era um rio limpinho que pegávamos água. Queria então falar como foi a
vinda dessas pessoas para o estado de Rondônia e como isso, de certa forma, foi
matando esses rios. No início era disso que eu queria falar e acabou entrando
nesta história das lavadeiras, que ficavam nesses rios e que lavavam roupas”,
detalha a dramaturga que é licenciada em Letras/Português pela Universidade
Federal de Rondônia.
![]() |
Tainá Sousa e Valdete Sousa. Foto Dennis Weber. |
A
partir de relatos orais a Valdete foi tecendo os primeiros contornos da trama
já apresentada mais de dez vezes em diferentes cidades do Estado de Rondônia,
dentre elas a capital Porto Velho, além de Ariquemes, Nova Mamoré e Vilhena,
município onde reside boa parte do Grupo de Teatro Wankabuki. “Fui ouvindo
histórias, conversei mais com a Ana Neri, relembrei muitas histórias do meu
pai, fui coletando esses fragmentos orais, depois parti para a pesquisa
histórica. Li sobre a passagem de Rondon por aqui, a respeito da lenda do
Urucumacuã, que conta a história de que aqui nós temos o maior tesouro perdido,
que é uma coisa que os incas já pensavam. Fui muito nesse filete da história,
que fala sobre a passagem de Rondon pelo Cone Sul, de como ele achou que aqui
tinha um tesouro perdido e que iria deixar o país inteiro rico. Depois de tudo
isso coletado, eu abandonei o texto por um tempo. Quando ganhamos o prêmio do
Sesc retomei as pesquisas. E aí, durante
uma noite inteira acordada, escrevi a peça. Peguei o texto “Contos do não-rio”,
reestruturei e redigi como peça mesmo, com os cinqüenta minutos de cena que o
espetáculo tem hoje”, narra Valdete.
Lavadeiras não há mais!
O
rio quase morto ganha voz através das bocas de duas lavadeiras, que na peça não
possuem nomes, e que podem ser a mãe, a avó ou a tia de você que está lendo
esta reportagem. São elas, que ao longo de quase uma hora de espetáculo, vão
destrinchar a história de ocupação do estado de Rondônia, da busca desenfreada
por riquezas, de pequenos e grandes, e também das desventuras dos mais fracos,
daqueles que o discurso hegemônico relegou as margens do processo histórico.
“Nós estamos falando de mulheres que não só vieram para Rondônia, mas que
ficaram no estado. Na maioria das famílias com as quais conversamos, a família
vinha inteira para cá, mas quando chegaram aqui e os homens descobriram o quão
duro era trabalhar nessa terra, uma terra com muitas facilidades, mas também
dificuldades, então alguns desses homens ficaram com certo melindre, e voltaram
para casa, que foi o caso do meu pai, e as mulheres não quiseram voltar, porque
a viagem era muito cansativa, e já que estavam aqui, porque não fazer daqui seu
lar? Então as mulheres ficaram e criaram seus filhos”, expõe Valdete.
![]() |
Foto Dennis Weber. |
A opção por colocar lavadeiras como protagonistas de “À
Margem” foi, ao mesmo tempo, um resgate de uma personagem que a tecnologia está
suprimindo do imaginário popular, como também uma homenagem à sua mãe que foi
lavadeira, explica Valdete. “É uma personagem que está no imaginário da nossa
história, mas ele deixou de existir. Você não encontra mais mulheres lavando
roupa nos rios. Você vai ao Rio Machado não tem mais ninguém, no Madeira só se
for nas comunidades menores que você vai ver alguma mulher lavando. É uma
personagem que está começando a desaparecer da nossa região. Apesar de ter
muitos rios aqui, você quase não vê mais a mulher na beira do rio com um
batente batendo roupa. Era uma personagem que eu queria resgatar, trazer de
volta e mostrar ela na cena”, acrescenta.
Retrato de
todos nós
Partindo
de histórias pessoais, de memórias das décadas de 1960, 1970, 1980, “À Margem” tem
como ponto de partida narrativo a família de Valdete, desembocando em uma saga
que congrega as vivências e desafios de muitas outras e outros que se
aventuraram em busca de pedras preciosas, terras e de uma vida menos sofrida.
Contar essa saga, para Valdete, não foi difícil. “É uma história tão recorrente que
poderia ser de qualquer família daqui da região. É muito normal isso acontecer
aqui, por isso não foi difícil levar para a cena, porque é uma intimidade que
não é só minha, é de um monte de gente. Foi divertido, tem umas passagens que
são muito interessantes de lembrar. Eu recordei junto com a minha mãe, ficamos
mais próximas. Fiquei muito feliz quando ela viu a peça. Toda vez que vê ela
chora, então quer dizer que de alguma maneira a peça está tocando. Venho
tentando transformar assuntos pessoais em histórias universais, ideia que eu
ouvi do Fabiano Barros. Ele faz muito isso, cada espetáculo dele é uma história
que ouviu de alguém e ele vai lá e escreve e transforma em uma coisa em que
todo mundo já viveu. Pensei muito sobre isso, em quantas histórias que eu
conheço da minha família, ou de algum conhecido e que podem ser trabalhadas em
cena. Em “A Margem” consegui ir
permeando pelas histórias da família, junto com a pesquisa sobre Rondônia”, relata.
![]() |
Débora Veiga Ruiz. Foto Dennis Weber. |
Emoção
é o termo utilizado pela atriz Tainá Sousa para definir o que o espetáculo “À
Margem” causa nela a cada vez que pisa no palco e interpreta uma das
lavadeiras. Em cena ela se depara com episódios familiares de sua mãe e também
de seu tio, sua tia e sua avó. “É sempre
emocionante quando falamos a respeito, principalmente para a minha avó, sempre
que ela assiste. Nossa família possui uma grande quantidade de histórias, e
isso é muito bacana, principalmente pela criatividade de cada uma delas. O
espetáculo fluiu facilmente tendo essas memórias como embasamento”, descreve a
jovem que é sobrinha de Valdete e está no grupo desde 2014.
Um
exemplo de como a dramaturgia de “À Margem” se conecta com as histórias de
outras pessoas, que não às da família de Valdete e Tainá, pode ser conferido no
relato de Débora Veiga Ruiz, responsável pela sonoplastia do espetáculo.
“Apesar de não estar no grupo na época da pesquisa, a história da minha família
também é representada ali: família grande de retirantes do nordeste, que vem em
busca do ‘Eldorado’ e de uma vida melhor. Minha avó, minha mãe e minhas tias
lavaram roupas no Pires de Sá, o nosso ‘não rio’ de hoje”, fala.
Criando
tempos e espaços amazônicos
Sons
de passos pisando em folhas secas, passarinhos cantando, outros animaizinhos também
registram sonoramente passagem pela cena. Ao mesmo
tempo, as lavadeiras cantam amores e desilusões, enquanto lavam as roupas das
gentes que vieram do Sul do país. Com
esses elementos sonoros e outros, o espetáculo “À Margem” propõe aos
espectadores um mergulho em um tempo e clima amazônicos, como descreve Valdete.
“O incômodo que às vezes as pessoas sentem quando assistem ao espetáculo, por
ter uma brecha de tempo que não acontece ‘nada’ no palco e fica só a
sonoplastia ou com pouca luz, é proposital, porque a gente quer criar esse
espaço amazônico. Minha proposta, no início, era que ele fosse totalmente
sensorial, que as pessoas sentissem um cheiro de mato, de lugar molhado, de
beira de rio, ouvisse o que tem nessa mata que a gente nunca pára pra ouvir, e
que sentisse esse tempo amazônico que não passa nunca, que é um tempo looongo.
Era nisso que a gente estava pensando quando criamos essa sonoplastia”,
relembra.
Grande parte dos efeitos sonoros do espetáculo é executada pela
sonoplasta Débora. “A ideia de fazer a sonoplastia ao vivo,
era a de levar o público a uma maior imersão à floresta e ao rio, onde se
passam as cenas. Na época, a Tainá Sousa fazia a sonoplastia, utilizando
apitos, chocalhos e instrumentos que o grupo já possuía. Quando entrei para
fazer a sonoplastia fui acrescentando outros sons de pássaros com os apitos que
o grupo já tinha, acrescentei o som do ‘caminhar na mata’ e durante a produção
também fomos comprando outros instrumentos, como o pau de chuva e o sapo. Então
essa sonoplastia está em construção contínua, conforme vamos encontrando
elementos que se adéquam ao espetáculo, vou acrescentando. E a própria
sonoplastia de cada apresentação, por ser ao vivo, é sempre única. Vou fazendo
conforme sinto a cena”, informa a profissional que atualmente estuda o Curso de
Tecnologia em Teatro, com ênfase em Sonoplastia em Cuiabá (MT).
![]() |
Foto Dennis Weber. |
Além dos sons da natureza, o espetáculo é marcado por cantos de
trabalho. “A maioria são músicas populares e já estão em domínio público,
outras eu criei. Nesse espetáculo a música não é ilustrativa, é necessária.
Minha mãe, por exemplo, canta várias coisas que ela cantava quando estava
lavando roupa ou fazendo algum trabalho manual. Isso é uma coisa que é normal,
principalmente para o povo nordestino, que sempre está cantando enquanto
trabalha, para entreter a mente, para o tempo passar mais rápido”, explica
Valdete.
Enquanto isso, a iluminação do espetáculo, ora amarelada, ora
vermelha, recria os dias ensolarados tão comuns em Rondônia. “A escolha das cores é por conta dessa cor
que temos no nosso estado, desse sol. Eu queria trazer essa ideia e um pouco do
amarelo representa a cor da água do rio, que é da cor de folha amarelada, que
nós temos aqui, que não chega a ser um rio escuro, nem límpido também, é amarelado,
e a iluminação ela parte por aí, uma vez que a maioria das cenas vai acontecer
embaixo desse sol, com as lavadeiras fazendo o trabalho delas”, esclarece
Valdete, que destaca também que “À Margem” pode ser apresentada em espaço
aberto. “Depois da estreia, em outras ocasiões apresentamos durante o dia, numa
escola, embaixo de umas árvores. Foi lindo, com a iluminação do sol e com as
árvores balançando”.
Um cacaio (ou sarapilha) cheio de recordações
“Nossa, ficou lindo! Que maravilhoso! O senhor é um artista!!!”,
elogia Valdete que observa o caminhãzinho feito de madeira pelo artesão Vilson.
Estamos em uma manhã de sábado (11 de agosto de 2018), em que a artista
verifica o andamento da confecção de alguns objetos de cena do espetáculo, que
estreará no Palco Giratório, no dia 16 de setembro de 2018. O ancião apresenta
alguns truques que adicionou para o brinquedo/objeto de cena ter melhor
desempenho. “Que legal! Isso daqui vai ser um show. Tem é que tomar cuidado,
porque a criançada vem tudo em cima”, diz a atriz aos risos. Além do
caminhãozinho, que será utilizado na cena de abertura para retratar a vinda dos
migrantes ao estado de Rondônia, seu Vilson também está responsável por
confeccionar uma mala (onde será guardado o caminhão) e um baú que servirá para
armazenar parte do cenário e de apoio para a manipulação dos bonecos. Entre uma
conferência e outra, o artesão, sabendo do enredo da peça, confidencia memórias
sobre a sua vinda para Rondônia, dentre elas, as características do cacaio, por
ele chamado de sarapilha, utilizado por moradores durante suas jornadas entre
uma cidade e outra, muitas vezes, percorridas a pé. É nesse espírito de
resgate, onde todos os habitantes têm algo a dizer sobre a colonização do
estado, que “À Margem” finca sua dramaturgia, provocando identificação até
mesmo antes de estrear.
![]() |
Foto Dennis Weber. |
Antes de ser madeira serrada e esculpida, o caminhão e outros
objetos de cena foram ideias que pularam da cabeça de Tainá para os papéis. “As
coisas do cenário, a maioria foi a Tainá quem desenhou, os caixotes, o
caminhão, a mala. Os outros objetos de cena eu fui inserindo conforme as
necessidades, as bacias, os baldes, as panelas, colheres, muito dessas coisas
que estão na cena são da minha mãe. A
maioria são de objetos que já tem uma história, uma afetividade que já
vem de outros lugares”, informa Valdete.
Tainá, que cursa Arquitetura e Urbanismo, conta que a sua formação
contribuiu com alguns conhecimentos extras na hora de pensar os objetos de
cena,“[...] mas minha maior experiência com artes manuais adquiri sozinha por
ser uma área que me dedico desde a infância. A minha área de formação é
importante quanto ao planejamento técnico dos adereços e cenários, assim posso
passar para o papel de forma mais precisa e adequada e em seguida executar”.
Lençóis,
bonecos e uma trouxa de roupas com muita prosa
Os lençóis no varal anunciam que a cena é um local de trabalho. A
eles vão se juntar mais tarde, outras estampas, tamanhos, formas e texturas. A
água do pequeno riacho instalado em cena, aliada à técnica, ao sabão e à força
dos resistentes braços das lavadeiras, vai limpar suor e outros fluídos
depositados nas roupas dos migrantes mais abastados. Vai limpar também as
roupas das lavadeiras que, com esmero, mantém suas vestimentas sempre em bom
estado de conservação. “Para o figurino eu fiz uma pesquisa sobre lavadeiras,
vi algumas fotos de mulheres que lavavam roupa no nosso Estado. Também
pesquisei sobre lavadeiras em outras partes do país. A partir disso comecei a esboçar
o figurino. Fiz uma pesquisa sobre tecidos que eram utilizados na época,
conversei com a minha mãe sobre as roupas que ela tinha quando chegou aqui.
Demorei certo tempo nesta pesquisa, porque não é fácil achar tecidos mais
antigos, os tecidos são todos novos, com elastano e outras coisas e eu queria
um tecido que realmente fosse do período. Algumas pessoas falaram na estréia
que o figurino tinha que estar amassado, sujo, mas na pesquisa que fiz, não vi
nenhuma lavadeira suja, nem amassada, nem mal arrumada. Elas usavam sim a roupinha para dentro da
saia, a blusinha bem abotoada, a roupa limpa, porque afinal de contas elas são
lavadeiras, então a roupa tem que estar limpa, porque se elas pegam a roupa dos
outros para lavar e chegam lá todas sujas, quem é que vai querem contratar né”,
comenta Valdete a respeito de uma das críticas que recebeu sobre o espetáculo.
Tecido
é o que não falta em “À Margem”, além de estar presente nos figurinos,
espalhado pelo cenário, ele também é a base para confecção de dois bonecos que
personificam a infância de Valdete e de seus irmãos. “Com esses bonecos de pano
eu queria trazer essa referência da minha infância e da minha irmã. Então eu
coloco as duas crianças do espetáculo sendo esses bonecos de pano, para trazer
essa lembrança da brincadeira”, explica a atriz que confessa gostar de
manipulação de formas animadas: “Desde o início quando comecei a fazer teatro,
já trabalhava com a manipulação de fantoches. É um assunto que me interesso
muito”.
História
para todas e todos
As vozes que falam em “À Margem” são de gente silenciada pelo
discurso hegemônico, varridas ou só lembradas de forma superficial no processo
histórico-político do Brasil. “Se for dar voz para aquele que já tem nos livros
de história, na TV, ou que já tem o poder, então não tem porque estarmos fazendo
esse trabalho. Nós, enquanto atores, dramaturgos, diretores de teatro, precisamos
trazer para a cena aquilo que as pessoas não conhecem bem no dia-a-dia. É
trazer as nossas lendas que estão desaparecendo, sumindo embaixo de tanta
tecnologia. É resgatar nossos personagens cotidianos os quais passamos por eles todos os dias e
fingimos não ver, é apresentar esses personagens que passaram em branco na
história e que realmente construíram o Estado, quem com a força de trabalho,
com o suor da testa, como diz no texto, construiu esse estado aqui do zero”,
argumenta Valdete.
![]() |
Nubia Labov. Foto Dennis Weber. |
As vozes dos esquecidos pela historiografia oficial é o que
alicerça “À Margem”, mas só isso não é o suficiente. É preciso contar uma
história que o máximo de pessoas compreendam. Para isso, as atrizes do
Wankabuki, durante a concepção do espetáculo, pensaram na questão da
acessibilidade, propondo a tradução e interpretação em Língua Brasileira de
Sinais (LIBRAS). “A interpretação em Libras é algo que descobrimos ao começar a
montar o espetáculo “Já passa das oito”. Levamos uma leitura dramatizada da
peça para uma escola e lá tinha vinte surdos, aí a Lu Rodrigues [integrante do Grupo de Teatro Wankabuki]
conseguiu um tradutor de Libras da escola, e nos apresentamos. Foi tão lindo, a
gente se emocionou tanto. Foi tão bom e gratificante, que fiquei com isso na
cabeça. E quando fomos montar o projeto para o SESC, o edital pedia a questão
da acessibilidade e eu coloquei. O trabalho com a intérprete em cena fazendo a
tradução foi maravilhoso, ainda mais com a nossa intérprete, que é a Nubia
Labov, uma das melhores interpretes do estado. Ela se dedicou muito ao texto e
à tradução e interpretação do mesmo”, contou Valdete.
Visitas guiadas ao cenário para pessoas cegas ou com baixa visão
também integram as propostas de acessibilidade do espetáculo. “Em 2018, quando
assisti ‘Seu Bonfim’, fiquei surpresa positivamente com a existência de
interpretação em libras do espetáculo, feita por vídeo. Foi a primeira vez que
vi esse tipo de acessibilidade no teatro. O edital do SESC exigia a inclusão,
então essa foi uma das alternativas que escolhemos. E a questão das visitas
guiadas foi uma dica que pegamos com o Território Sirius de Teatro, que também
tinha essa opção para Seu Bonfim. Uma coisa que o Sidney [amigo que apresentou questões de acessibilidade e inclusão para Débora
em um grupo do Facebook, em 2016] sempre diz, é que a acessibilidade deve
vir antes da necessidade, então sempre que possível levo para os projetos que participo
essa mentalidade. Vemos poucas pessoas ou nenhuma com deficiências físicas no
teatro porque não é acessível a elas. E a acessibilidade é uma forma de
fidelizarmos um público que é carente de acesso às artes”, relata Débora.
As vozes que narram o percurso
Do que é feito um espetáculo? Uns dirão
que é feito de maquiagem (que vai transformar jovens em senhoras com mais de 40
anos), de luz (que vai reproduzir aquele sol quente do Norte na moleira de quem
trabalha longe da sombra), de sons (que vai te levar para dentro da mata, para
perto do rio), de vestimentas (limpas, estampadas, com cores fortes ou mais
suaves), de objetos cênicos (construídos ou emprestados que levarão nossas
imaginações para três, quatro ou cinco décadas atrás). Outros vão citar ainda
os discursos recolhidos de fontes múltiplas e que são costurados e colocados ao
sol da criatividade para germinar. E por fim vão destacar que um espetáculo é
composto de gente, principalmente de gente (que vai se desdobrar para escrever,
dirigir, atuar, divulgar, e muitas outras funções, não é mesmo Valdete, Tainá e
Débora?). E gente mulher, que fique bem claro. “São
mulheres em cena, falando sobre mulheres e o espetáculo foi escrito e dirigido por
uma mulher, então é muito forte. É um espetáculo totalmente feminino. Em
Vilhena, praticamente são só mulheres que fazem teatro. É muito difícil
encontrar um homem para fazer um personagem. Os homens entram e saem do grupo,
não se firmam, não ficam”, reflete Valdete.
Esse
protagonismo feminino veio de uma forma quase natural, segundo Tainá. “No fim
das contas, apenas nós mulheres ficamos para assumir os espetáculos. É
importante lembrar que além dos palcos somos responsáveis pela parte técnica,
montagem dos cenários, por vezes a iluminação e transporte de tudo, isso
reforça a independência e força do grupo, principalmente para outras mulheres”,
destaca.
![]() |
Foto Dennis Weber. |
Débora
explica que busca incentivar e divulgar a produção
cultural e artística de mulheres. “Pois se não formos nós a levantarmos uma às
outras, quem será? Então me sinto muito grata de trabalhar com mulheres tão
maravilhosas e ativas no fazer artístico. Eu acho muito simbólico e potente
sermos só mulheres em cena, pois a própria raiz da dramaturgia são as histórias
reais de nossas mães, avós e vizinhas que vieram para Rondônia atrás de um
futuro melhor. E chegando aqui, tiveram que enfrentar situações desagradáveis
em uma sociedade muito mais machista do que hoje. E apesar do distanciamento
temporal, mesmo um curto período de tempo, Rondônia é um estado muito novo e o
espetáculo gera fácil identificação e reconhecimento no público que assiste.
Por isso acho importante que esta encenação esteja acontecendo hoje, pois
retrata um período não muito distante, mas que ainda representa a cultura
local. É fato que vivemos em uma sociedade patriarcal, machista e capitalista e
por estarmos inseridos nessa sociedade, muitas vezes não enxergamos as
problemáticas que essa estrutura gera, pois parece tudo normal e natural. Mas
apresentando ao público esse recorte no formato de teatro, acredito que
conseguimos dar algumas cutucadas e fazer algumas pessoas pensarem e se
questionarem sobre o assunto”, complementa a artista.
1, 2 , 5... 10... 15 anos de aventuras...
O
figurino de lavadeira já está no corpo da atriz, enquanto ela, com maquiagem,
vai se transformando em uma mulher mais velha. O clima no camarim é de
descontração, muitas risadas. Tainá faz aquecimento vocal enquanto define os
contornos de sua personagem. Débora, a sonoplasta e social media do Wankabuki, confere as redes sociais do grupo. A tradutora e interprete de LIBRAS, Nubia
Labov, dá mais uma olhada no texto. O celular grava Valdete, e o interlocutor
pergunta: “Val, como você se sente fazendo esse espetáculo agora...” ao que a
atriz já dispara: “Com as pernas tremendo, né, porque a gente vai estrear no
Palco Giratório!”. É dia 16 de setembro de 2018. Estamos a poucos minutos da
noite de estreia de “À Margem”, no principal evento de artes cênicas de
Rondônia, promovido pelo SESC: o Palco Giratório. Mas o trabalho no Teatro Sesc Esplanada I
começou bem antes, com a montagem da piscina no meio do palco, que representa o
rio não-rio, com a afinação da luz realizada por Edmar Leite e um último ensaio
para garantir que tudo funcionará conforme o planejado.
![]() |
Foto Rafael Reis. |
Aos
poucos, o público vai ocupando as cadeiras de local, até que ... começa o
espetáculo. Tainá entra em cena com uma mala grande de onde tira o
caminhãozinho de madeira confeccionado pelo senhor Vilson. Adiciona na carroceria
alguns bonecos de pano, que representam aqueles que migraram para a região
Norte nas décadas anteriores. Em seguida empurra o brinquedo pelo palco
simulando o trajeto cheio de obstáculos (o corpo da atriz se transforma em
morro) até a chegada na terra de oportunidades. Seguem-se cenas com cantos de
trabalho, conversa entre as lavadeiras, manipulação de bonecos que remetem à
infância de Valdete e seus irmãos, entrada e saída de um cacaieiro/garimpeiro e
o final marcado pelo desparecimento das lavadeiras que, agora atrizes, se
banham nas águas de um rio barrento ao som do Hino de Rondônia: “Aqui, toda
vida se engalana, de beleza tropical, nossos lagos, nossos rios, nossas matas,
tudo enfim”. A luz vai sumindo... e fim.
As atrizes se secam (depois de ficarem quase uma hora
dentro da piscina com água), enquanto conversam com parte do público que ficou
após o espetáculo para o bate papo. “Por ser a estreia oficial, após alguns
ensaios abertos apenas, fiquei um pouco nervosa, mas me senti preparada e confortável”,
confidenciou Tainá meses após a primeira apresentação. De lá para cá foram mais
12 apresentações de “À Margem”, a última delas, mais uma vez, em Porto Velho,
durante o Madeira Festival de Teatro, realizado entre os dias 05 e 09 de junho
de 2019. O espetáculo percorreu, em
outubro de 2018, escolas estaduais e outras organizações, tocando em temas como
protagonismo feminino e preservação ambiental, assuntos recorrentes na
trajetória de mais de quinze anos no grupo. “Montamos
de tudo, mas temos uma pegada ecológica. Em um dos textos montados falamos do
desaparecimento dos índios e natureza [Espetáculo
“A lenda da ecologia”, apresentado em 2005, logo no início do Wankabuki].
Em outro, o Perdidos na Floresta, de 2010, conversamos com crianças sobre a
preservação do meio ambiente. Mas também trabalhamos com espetáculos que vão
tratar sobre o feminino e espetáculos políticos, onde discutimos sutilmente
sobre o que está acontecendo no país, na nossa cidade. Temos performances de
2014, durante a Copa do Mundo, que vão discutir várias questões políticas que o
país estava passando e enquanto estava todo mundo assistindo futebol e
comemorando. Nós temos uma pegada crítica em relação a vários assuntos. Se não
for para criticar e falar das coisas erradas, para que trabalhar com arte,
né?”, alfineta Valdete.
De 2003 até os dias atuais foram muitos os trabalhos desenvolvidos
pelo Grupo de Teatro Wankabuki, que surgiu dentro da Universidade Federal de
Rondônia, Campus de Vilhena. A ideia
de se reunir para montar um espetáculo foi de Valdete Sousa, que havia acabado
de chegar de Ji-Paraná, onde morava e participava do Grupo Arterial. A jovem
migrou para o Cone Sul com o objetivo de estudar Licenciatura em Letras na
Unir. “Eu precisava continuar a fazer teatro, porque pra mim teatro é uma
necessidade. Comecei a ir em tudo o que diziam que era grupo de teatro, fui em
teatro de escola, fui em outro que era de igreja. Queria entrar em algum grupo,
não queria montar um, só que não me identifiquei com nenhum deles. Achei os trabalhos
um pior que o outro. Pensei: ‘vou na
Unir mesmo, ver o que acontece’. E lá encontrei duas pessoas que se
interessavam, a Núbia Rodrigues e a Diomar Soares. Começamos a conversar e elas
falaram: ‘Ah que legal, também queria fazer teatro, mas nunca soube como
é’. Mostrei o texto ‘Morte e Vida
Severina’ para elas, tinha trazido todas
as coisas do espetáculo que já havia sido montado pelo Arterial . O Firminetto
Mendes [artista de Ji-Paraná que
comandava o Grupo Arterial] me deu figurino, painel, o que tinha do
espetáculo ele me deu. Aí falei para as
meninas: ‘Olha, a gente podia montar” e elas já se apaixonaram, porque João
Cabral não tem como não se apaixonar, e daí começamos a trabalhar esse texto.
Éramos só em três, fomos agregando gente, convidando”, relembra a presidente do
grupo.
O trio recebeu apoio de um dos
professores do Departamento de Letras, Oswaldo Gomes, que estava em processo de
montagem de um grupo na UNIR. Em 2004, o grupo estreou “Morte e Vida Severina”,
durante o IX Seminário de Estudos Linguísticos e Literários (SELL), evento
organizado pela instituição educacional. “As montagens eram bem simples, até
porque eu não tinha o conhecimento que tenho hoje, que não é tanto, mas que é
mais do que era naquela época [ri].
Uma coisa que eu sinto falta que fazíamos no início e que não fazemos mais é
trabalhar muito com literatura. Hoje não trabalhamos mais tanto assim. Entramos
em outra fase, que é a da pesquisa”, segreda Valdete.
A esta altura
da reportagem, você deve estar se perguntando qual o significado ou origem do
nome estranho do grupo, né? A resposta foi dada em um livro-reportagem escrito
pela atriz Núbia Rodrigues, para conclusão do Curso de Comunicação
Social/Jornalismo na Unir de Vilhena. “Numa tarde enquanto subíamos a pé a rua
que nos levava até a Unir, [...] Valdete, Diomar, Poliana e eu conversávamos
sobre um tipo específico de teatro japonês, surgido por volta do século
XVII, [...] o Kabuki era o assunto do
momento, em meio dele a constante busca por um nome para o grupo. Uma de nós
que estava um pouco mais distante e distraída disse ‘ãh... kabuki?’ outra ouviu
e repetiu ‘uãn kabuki’ e todas gostaram do novo som que ouviram. ‘Esse dá um
nome bacana’, ‘diferente’, ‘original’, e logo estava definido e surgia, então,
o Grupo de Teatro Wankabuki”, relata no livro ainda não publicado, a também
licenciada em Letras e umas das fundadoras do grupo.
De Mostras de Performances (2012 a 2014), aos Festivais de
Monólogos e Breves Cenas (2015, 2016 e 2018), passando por produção de videoclipe
(Negrolô, 2006), leituras dramatizadas (promovidas principalmente pelo Sesc
entre os anos de 2012 e 2014), saraus (Poesia da Boca para fora – 2011 e 2012),
temporadas de espetáculos (Morte e Vida Severina, A lenda da Ecologia, Vai
Carlos, ser gauche na vida, Tragédia
no Lar, Perdidos na Floresta, José & Cia, Jujubinha e Paçoquinha em
Gostosuras e Travessuras, O Amor de Colombina, Já passa das oito, À Margem)
apresentações em praças vilhenenses (Projeto Invadindo a Praça, 2011) e
oficinas de iniciação teatral (a partir de 2010), o Wanka, como é conhecido por
seus participantes, ex-integrantes e pessoas mais próximas, experimentou várias
possibilidades cênicas, passando do palco do anfiteatro da Unir para as ruas,
praças, jardins, bares, casa de chá, hospitais, escolas, e outros espaços,
figurando nos jornais e sites do Estado do Rondônia. “Um momento que foi muito
marcante e que me emocionou bastante foi o primeiro festival que realizamos em
2015. O projeto do festival estava na gaveta já tinha uns dois anos ou mais.
Era uma coisa que eu sonhava em fazer, mas não tinha ideia de que ia dar certo.
Em 2015 ganhamos o edital do Banco da Amazônia e fizemos o Festival. Foi muito
importante, porque mostrou que tínhamos conseguido chegar a algum lugar,
trazendo para Vilhena uma série de artistas do nosso estado, para apresentações
e outras atividades. O grupo para mim é um filho. Investi uma parcela grande da
minha vida nisso, e é por isso que eu cuido, que eu tenho tanto cuidado, porque
não é só um grupinho de amigos de fim de semana. Eu vivo isso 24 horas por dia.
Minha ligação é muito forte”, revela Valdete ressaltando que o teatro, para ela “[...] é vida, é
como se ele fosse um personagem vivo e ele está o tempo todo na minha vida, é
uma parte dela. Não tem como ignorar! Se tirar o teatro da minha vida, eu não
sei o que sobra”.
... que
continuamos a escrever!
Núbia, que atualmente mora em Comodoro (MT), resgatou em seu
livro-reportagem de quase cem páginas, grande parte da história do Wankabuki,
desde as primeiras conversas para a montagem de “Morte e Vida Severina”, em
2003, até o momento em que o grupo se torna Ponto de Cultura, em 2017. “À
Margem” ainda era uma breve cena (Contos do não-rio), apresentada durante a
segunda edição do Festival de Monólogos e Breves Cenas, em 2016, mas já figura
na obra. “Resgatando a imagem de um rio que durante muito tempo serviu para que
as mães de família lavassem roupa, ou mesmo levassem água para casa, para
beber. O espetáculo busca retratar também nuances da natureza desta região
amazônica e suas peculiaridades culturais, desenvolvidas através da mistura de
povos e cultura”, informa no livro.
![]() |
Foto Rafael Reis. |
De 2017 até agora [junho de
2019], outros momentos importantes da história do grupo continuaram a ser
contados em seu blog e outras redes sociais. Um dos mais significativos foi a
conquista do Prêmio Sesc de Incentivo às Artes Cênicas em 2018, que
propiciou a montagem do espetáculo “À Margem”, obra mais recente do Wankabuki.
Em pouco mais de um ano, muitos foram os quilômetros percorridos por Valdete,
Tainá e Débora, entre Vilhena e Porto Velho, depois entre Vilhena e Cuiabá e de
lá para a capital rondoniense [Débora
mora atualmente na capital matogrossense, onde estuda o curso de tecnologia em
teatro, com ênfase em sonoplastia], nos mesmos caminhos pelos quais
passaram milhares de migrantes. Tudo isso com o objetivo de levar a públicos
variados as histórias de lavadeiras, de um não-rio, de gentes à margem.
Enquanto isso, relatos sobre apresentações, oficinas, enfim, das ações do
Wanka, são postados quase que diariamente no Facebook, Instagram, apresentados
em podcasts, entrevistas para
emissoras de televisão, livros-reportagens e trabalhos acadêmicos, como este
que agora você está terminando de ler. “Fico feliz
porque dentro do grupo nós temos outros pesquisadores [Valdete pesquisou sobre a história do teatro em Rondônia para
conclusão da Licenciatura em Letras/Português] como, por exemplo, a Núbia,
que também fez a monografia dela em cima da história do grupo. Acho que a gente
tem mesmo que falar sobre a nossa história, pesquisar mais sobre ela. Nós
sempre tivemos essa ligação muito forte com a universidade, nós surgimos lá,
então sermos convidados para congressos, ter citação sobre o grupo em um
trabalho de pós-graduação de uma acadêmica da Universidade Federal do Amazonas
falando sobre o nosso Festival [Amazônico
de Monólogos e Breves Cenas], me deixa feliz, porque nós estamos servindo
de material de pesquisa para outras universidades, outros pesquisadores e
estudantes. Isso quer dizer que de alguma forma estamos começando a crescer”,
pontua Valdete, enquanto planeja as próximas ações do Wankabuki.
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA,
Núbia Rodrigues de. Wankabuki: o palco é
a vida! Trajetória de um Grupo de Teatro. 2017. 96 f. Trabalho de Conclusão
de Curso (Graduação) – Fundação Universidade Federal de Rondônia, Vilhena, 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário