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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Porto Velho: A Igreja católica e o teatro

Adailtom Alves Teixeira

A Igreja Católica também cumpriu papel interessante na cultura, por meio das Comunidades Eclesiais de Base (CEB), pois criava espaço de convivência e expressão para os jovens, sendo um dos meios o teatro. Assim, no início da década de 1980, o MOJUCA, que depois veio se chamar O Filho do Homem – mesmo nome do espetáculo – e atual Grupo Êxodos, existente até hoje, foi uma de tais expressões.

Incentivado pelos membros da Teologia da Libertação, as CEBs agregavam as pessoas de uma determinada comunidade em torno de problemas comuns, além de estudarem a bíblia pelo método do ver-julgar-agir, fazendo com que seus integrantes discutissem e buscassem soluções aos problemas comuns. Muito forte nas décadas de 1970 e 1980, foi também, em muitos casos, espaços de oposição às arbitrariedades da ditadura civil-militar do período. Como o processo de avanço da chamada última fronteira se deu em tal contexto, isto é, a integração da região amazônica, não foi à-toa que houve muitos enfrentamentos por parte do poder instituído com os integrantes da Igreja, vista como adversária por defender os povos da floresta e se colocar contrária ao latifúndio que estava se constituindo na região (ver mais aqui).

Em Porto Velho, no campo teatral, uma das expressões surgidas nessas comunidades foi um grupo existente até hoje, o Grupo Êxodos, que realiza a encenação da Paixão de Cristo – O homem de Nazaré – no espaço chamado Jerusalém da Amazônia, inspirado em outra cidade cenográfica situada em Pernambuco. A encenação é realizada por dezenas de pessoas e assistidas por milhares. Abaixo um documento do princípio desse trabalho na cidade de Porto Velho.
Jornal Alto Madeira, Porto Velho 26 e 27 de abril de 1981, p.3.


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

O MOBRAL E O TEATRO

 

Adailtom Alves Teixeira

O Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), criado durante a ditadura empresarial-militar (1964-1985), foi um processo de educação de jovens e adultos em um Brasil de muitos analfabetos, entretanto foi extremamente contraditório, posto ter sido criado em oposição à uma educação popular, que tinha como modelo o método Paulo Freire – que acompanhava as mudanças do país nos anos 1950 e 1960 (para saber mais, aqui). Não obstante, o Mobral tinha também um braço cultural e foi, ao que tudo indica, bastante ativo em Rondônia, realizando festivais, cursos de teatro, entre outras atividades culturais. Os documentos aqui apresentados, dão uma pequena mostra de tais processos.

Cláudio Vrena, criador do grupo Cuniã, que começou sua carreira artística em Cacoal, afirma em entrevista à Maria Luzia Ferreira Santos (2021), que ao saber que haveria um curso de teatro de bonecos realizado pelo Mobral na capital, se deslocou até Porto Velho para conhecer de perto essa experiência e nunca mais parou com o teatro de animação. Além da formação por meio de cursos, é possível verificar que grupos teatrais eram convidados, como o Apocalipse, que apresentou em 1981 na cidade de Ariquemes.

As ações do Mobral e quanto estas influenciaram ou não a cena artística local é mais um dos pontos ainda pouco conhecido e que merece ser melhor estudado. Cabe ressaltar que, apesar de sediado em Porto Velho, além do processo educativo, o Mobral realizava ações culturais em outras cidades. Abaixo apresentamos quatro documentos/matérias do jornal Alto Madeira acerca de ações da instituição em 1981.

Jornal Alto Madeira, 13 de março de 1981, p. 3.

Jornal Alto Madeira, 20 de fevereiro de 1981, p. 3.

 

Jornal Alto Madeira, 18 de junho de 1981, p. 3.



Jornal Alto Madeira, 22 de julho de 1981, p. 1.




Referências

SANTOS, Maria Luzia Ferreira. A arte de produzir bonecos e sua manipulação: a estética e a plástica dos bonequeiros de Porto Velho-RO. Porto Velho: Temática, 2021.