Adailtom Alves Teixeira
O governador Marcos Rocha (União Brasil), reeleito para
mais quatro anos nomeou para a Superintendência da Juventude, Cultura, Esporte
e Lazer (Sejucel) o ex-jogador Júnior Lopes (Lourival Júnior de Araújo Lopes), que
agradeceu o mandatário: “Obrigado @celmarcosrocha, o
senhor tem toda minha admiração e respeito, tem sido um líder incrível para mim,
cuidando e me orientando nos mínimos detalhes, me tratando como um Filho, não
tenho palavras para lhe agradecer por essa oportunidade, pois para mim não se
trata de um cargo, mais se trata de uma posição que terei a oportunidade de
potencializar tudo que meu pai e eu Fizemos a vida inteira sem pedir nada em
troca, que foi Transformar vidas através do Esporte, proporcionando lazer,
trazendo cultura e ajudando os jovens do nosso Estado” (disponível aqui). Até onde
apuramos, a carreira do atleta o qualifica para assumir a gestão do esporte,
posto ter larga experiência na área. No entanto, há que se perguntar: e a
cultura?
Perdida em uma pasta sem status de secretaria e somada a diversas outras áreas, a cultura em Rondônia vem
sofrendo seus percalços, pois as pessoas alocadas nas últimas gestões para
gerirem a Sejucel vem de áreas poucas afeitas à cultura. A gestão dos recursos
advindas da Lei Aldir Blanc – em Rondônia foram mais de 18 milhões de reais –,
revelou a imensa potência criativa e artística no estado e a evidente
necessidade de uma pasta própria, com pessoas que entendam dos fundamentos da
cultura, de suas políticas e gestão. E desde já, cabe ressaltar que o poder
público não tem que fazer cultura, mas criar as condições para quem de fato
faz, seu papel é criar, em diálogo com o movimento cultural, políticas públicas
adequadas, de forma a permitir a expressão artística em sua potência,
garantindo o acesso das artes às/aos cidadãs/ãos em geral.
A Rede ProCultura, movimento
articulado em todo o estado, vem discutindo e pleiteando que a cultura seja
desmembrada da Sejucel e que seja criada uma secretaria específica. Na última
eleição esta foi uma de suas reivindicações, por meio de documento (aqui) entregue
para alguns candidatos. No entanto, durante a campanha o movimento não foi
recebido pelo governador Marcos Rocha, mas cabe informar que este, em
entrevista no programa Conexão do Rondônia ao Vivo (aqui), manifestou seu
desejo de desmembrar a Superintendência, mas tratando apenas do esporte, isto
é, prometeu separar o esporte das demais áreas.
Faz-se necessário uma secretaria
específica de cultura, posto haver inclusive uma política pública no estado, o
Fundo de Desenvolvimento Cultural, ainda que venha funcionando de forma
intermitente, mas mais que isso, devido aos rumos nacionais que se apresentam
para a cultura brasileira, como a volta do Ministério da Cultura e leis e
recursos já assegurados para a área pelos próximos anos, via Lei Paulo Gustavo
e Lei Aldir Blanc 2. Rondônia é um polo produtor de cultura importantíssimo,
com festivais de teatro e grupos reconhecidos nacionalmente, uma música
potente, um audiovisual que vem se destacando ao ganhar prêmios Brasil a fora e
uma cultura popular vastíssima, além de uma cultura indígena, quilombola e
ribeirinha que merece aparecer para todo o país. É certo que toda essa potência
gerará muitos empregos e divisas em todo estado, além de fortalecer a
identidade e outros aspectos simbólicos de Rondônia. É certo também que o
movimento cultural rondoniense deseja ver cumprida a promessa do governador
Marcos Rocha, o desmembramento da Sejucel e a criação de uma secretaria de
cultura, para que os artistas dos diversos segmentos, bem como os gestores de
cultura dos municípios possam ter um diálogo mais aprofundado sobre a área
cultural.