Novo espetáculo d`O
Imaginário e um pouco da história do teatro rondoniense.
Por Adailtom Alves Teixeira
Mário Zumba - foto Eliane Viana |
No dia 30 de abril de 2022, no espaço cultural Tapiri, gerido pelo grupo O Imaginário, pude assistir ao novo trabalho do coletivo, Meu amigo inglês, e realizei uma conversa com o dramaturgo e diretor do espetáculo, Mário Zumba, que também atuou naquela apresentação. Zumba esteve em Porto Velho por alguns dias, justamente para realizar o projeto de montagem, que foi contemplado no Edital Nº 35/2021/SEJUCEL-CODEC 2ª Edição Jair Rangel Pistolino Prêmio de Produção Audiovisual e Artes Cênicas, com recursos da Lei Federal 14.017/2020 (Lei Aldir Blanc).
A noite da apresentação acabou se tornando um grande encontro dos artistas da cidade, que foram ao Tapiri prestigiar o novo espetáculo – um importante retorno do teatro à sua modalidade original, na forma presencial – e muitos aproveitaram para rever o amigo Mário Zumba, que residiu e fez teatro por estas plagas na década de 1980. Entre o público presente artistas como Ângela Cavalcante, Marlúcio Emídio e Eri Pinheiro, do Quebracabeça; Suely Rodrigues do Raízes do Porto; Eliézer Wanderley da Silva, que trabalhou com Jango Rodrigues no Grupo Porantim; artistas da música como Dadá (Adaides Batista), um dos criadores do Cabeça de Negro, Bado, Bira Loureço e Júlio Yriarte; artistas da dança como Andréa Melo; Selma Pavanelli, integrante do Teatro Ruante e professores de teatro da Universidade Federal de Rondônia, Alexandre Falcão e o autor destas linhas, entre tantos/as outros/as que ali estavam.
Após o espetáculo, uma pequena comemoração pelo retorno do teatro e de Zumba à Porto Velho. Mesmo com clima de festa, realizei uma rápida conversa com o dramaturgo e diretor Mário Zumba, pois ele foi, de acordo com alguns presentes, o primeiro dramaturgo premiado nacionalmente no estado de Rondônia nos idos de 1987, ao participar do 15º Concurso Nacional de Dramaturgia Prêmio Pedro Veiga, promovido pelo Ministério da Cultura, com o texto Cuidado com o tamanduá bandeira, um infantil que também recebeu o Prêmio Casa de las Américas, de Cuba. Segundo Zumba, o texto acabou por remeter ao acidente ocorrido no mesmo ano em Goiânia com o césio-137, pois, em suas palavras, o tema do texto é a construção de uma usina atômica pelo tamanduá sobre um formigueiro. À época Zumba era da Aeronáutica e vivia-se o final da ditadura civil-militar, inclusive ele relatou que quando ganhou o prêmio em Cuba ficou um pouco preocupado, no entanto, ele disse que “as Forças Armadas receberam a notícia com certo orgulho e nem perceberam que o texto, para a época, era subversivo”. Hoje na reserva, o autor afirma que sempre levou em paralelo a dupla carreira nas Forças armadas e no teatro.
Zumba continuou e continua escrevendo, inclusive, por conta disso, ele que havia chegado em Porto Velho em 1985, em 1992 foi para o Rio de Janeiro estudar teatro na Unirio. Aqui na capital rondoniense começou fazendo teatro no Sesc, levado por um amigo. Como ele disse, “O teatro chama a gente, onde você estiver ele chama”. A continuidade na dramaturgia fez com que ganhasse outros prêmios, inclusive na cidade do Rio de Janeiro, quando estava por lá. Atualmente o artista reside em Belém e a peça Meu amigo inglês também cumpre temporada por lá desde 2017. Já aqui em Porto Velho, para quem quiser conferir a peça haverá apresentações nos dias 08, 09 e 10 de maio às 20h no Tapiri, na Rua Franklin Tavares, 1353 – Pedrinhas.
A peça aborda de forma sensível a vida de um casal circense, na qual o marido, passa por dificuldades de saúde, a descoberta do mal de Parkison. Apesar do tema dramático, a abordagem se mistura à comicidade dos palhaços. Nos papeis dois artistas que se doam generosamente para a cena, o experiente Chicão Santos, com mais de quatro décadas de teatro e a jovem atriz Flávia Diniz, que não se intimida e se joga por inteira, fazendo com o jogo cênico flua. Quem ganha é o público. Confira a sinopse e o serviço abaixo.
Chicão Santos e Flávia Diniz - foto Eliane Viana
Sinopse: Um circo. Um casal circense. No picadeiro são dois palhaços encantados com a arte de fazer rir. No trailer são marido e mulher, enfrentando, além das dificuldades cotidianas, um inimigo silencioso e desleal: o mal de Parkinson. Esse é o mote de Meu Amigo Inglês. O texto evidencia a vida do artista nos bastidores da arte depois que a função termina; sua fragilidade e seu dia-a-dia comum longe do glamour dos holofotes, quando ele torna-se uma pessoa igual as outras, sujeita aos mesmos sofrimentos e as mesmas alegrias. Um drama recheado de pitadas de humor, afinal, seus personagens são, e continuarão sendo, eternos palhaços, quer seja no picadeiro ou fora dele.
Ficha Técnica
Elenco: Chicão Santos e Flávia Diniz
Figurinos: Zaine Diniz
Cenografia: Chicão Santos e Ismael Barreto (Dona Cida)
Dramaturga Sonora - Denise França Reis
Programação Visual, Filmagem e Registro audiovisual - Édier William, Rafa Brito e Júnior Pereira
Áudio direto: João Belfort
Técnico de Som: Del Porto e Davi Macieira
Arte: Maciste Costa
Costureira: Nilza Batista
Intérprete LIBRAS: Cleffer Fernanda
Iluminação: Edmar Leite
Texto e Direção: Mario Zumba
Assessória de Comunicação: Eliane Viana
Produção: Taquara Produções Ltda
Serviço
No Formato presencial:
Espetáculo Meu Amigo Inglês
Data: 08, 09 e 10/04/2022
Horário: 20h
Local: Tapiri – O Imaginário
No formato virtual:
No próximo dia 20 de maio, será transmitido o espetáculo circense inédito Meu Amigo Inglês, de Mário Zumba.
Transmissão nas redes da Taquara Produções: YouTube e Facebook
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