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quinta-feira, 12 de maio de 2022

Mário Zumba - primeiro dramaturgo de Rondônia a ganhar um prêmio nacional no estado

 Apresentação/Explicação

O objetivo é, aos poucos, disponibilizar alguns documentos utilizados em minha pesquisa de doutoramento que está em andamento no Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), acerca do teatro praticado na cidade de Porto Velho entre 1978 a 2018. 

A conversa a seguir foi realizada por mim, Adailtom Alves Teixeira, no dia 30 de abril de 2022 no espaço Tapiri, após a apresentação do espetáculo Meu amigo inglês, de autoria e direção de Mário Zumba. A entrevista, a transcrição e a transcriação (texto aqui publicado)¹ foram realizadas também por mim. O diálogo ocorreu em torno de um prêmio de dramaturgia ganho por Zumba em 1987, o primeiro prêmio dessa modalidade no estado de Rondônia.

                                                  Entrevista Mário Zumba

O prêmio

Mário Zumba em cena de Meu amigo inglês
Foto Eliane Viana

Era o 15º Concurso Nacional de Dramaturgia, promovido pelo Ministério da Cultura. Era o Prêmio Pedro Veiga. Fui o primeiro dramaturgo a ganhar esse prêmio por Rondônia. O texto era um infantil, Cuidado com o tamanduá bandeira. E esse mesmo texto foi premiado depois no concurso Casa de las Americas, de Cuba. Lembra daquele acidente que houve em Goiânia, com o césio-137? O tema da peça era justamente o tamanduá bandeira construindo uma usina atômica sobre um formigueiro. Então casou tudo, entendeu?

Eu era militar, da Aeronáutica. Quando eu ganhei o prêmio em Cuba fiquei temeroso, sem saber o que fazer. Mas as Forças Armadas receberam isso com muito orgulho. Então foi legal! Eles não perceberam que o texto era altamente subversivo pra época. Hoje eu sou da reserva, mas sempre levei a vida militar e o teatro junto. E continuo escrevendo.

A vinda pra Rondônia

Eu vim pra Rondônia porque era militar. Aí cheguei aqui, conversando com um amigo, ele me levou pro Sesc e eu entrei no grupo de teatro de lá e fiquei. O teatro chama a gente. Aonde você estiver, ele te chama!

Eu já fazia teatro. Eu tinha começado, fazia teatro amador, muito novinho... aí depois que eu recebi o prêmio, eu disse: “não, agora eu tenho que ir pro Rio de Janeiro”. Aí fui pro Rio pra me profissionalizar.

Eu cheguei aqui em Rondônia em 1985 e fiquei até 1992. E segui a carreira até hoje. Aí ganhei outros prêmios. Um prêmio da prefeitura do Rio, quando eu estava lá, com outro texto. E assim fui... continuei atuando, escrevendo e dirigindo. Eu faço tudo. No Meu amigo inglês eu faço as três coisas, escrevi, dirigi e atuei. Mas essa peça está em cartaz em Belém desde 2017. Lá em Belém eu não dirijo, quem faz a direção é o Marton Maués, o diretor dos Palhaços Trovadores e eu faço com a Romana Melo. Ela é da Rede de Palhaças do Norte, é uma ativista da palhaçaria feminina na Amazônia e ela está fazendo doutorado na Bahia, na UFBA [Universidade Federal da Bahia].

O encontro com os artistas/amigos de Porto Velho

Muito legal, juntar todo mundo de novo. A Ângela Cavalcante, o Bado... o Binho já veio aqui mais cedo, Júlio Yriarte, Eri Oliveira, Suely... todo mundo aí. Foi um encontro de peso. Muito bom! Eu adorei isso!

Teatro e Forças Armadas

Mário Zumba - imagem retirada de sua rede social Facebook
Foto de Sandro Barbosa

Eu nunca tive problemas, cara, nunca tive problemas. As coisas foram fáceis pra mim. Quando eu estava fazendo teatro no Rio, em um curso, na Casa de Artes de Jacarepaguá, nós montamos um espetáculo que era O mendigo ou o cachorro morto de Bertolt Brecht. Dentro da Universidade da Força Aérea, onde eu trabalhava, tinha um projeto chamado “Quarta Cultural” e a gente apresentava qualquer coisa nas quartas depois do almoço. Sempre tinha uma apresentação, convidados... E um coronel falou: “Você não tem nada?” Eu disse: “eu tenho uma peça do Bertolt Brecht.” “Pois então traga”, ele falou. “Trago?” “Traga. É muita gente?” “Não. É só eu e um outro ator”. Eu fazia o rei. Nós levamos pra dentro do quartel O mendigo ou o cachorro morto e as pessoas aplaudiram de pé. Foi espetacular!

Quebramos várias barreiras. As pessoas estavam sedentas disso. Havia também uma vontade de desmistificar aquilo que se pensava. Porque já era abertura... já estava no processo de abertura. Então havia essa boa vontade, entendeu? Eu nunca tive problemas, graças a Deus!

A história local

Eu estava falando com o Júlio Yriarte, a gente fazia e a gente não sabia a importância do que estávamos fazendo. Então, a gente não documentava nada, ia só fazendo, fazendo... mas nos anos 1980 foi uma efervescência. Eu cheguei em 1985.

Era uma força, porque a gente vinha de uma repressão muito forte, quando chegou ali no início dos anos 1980 abriu, a gente “eu tô livre! Eu quero é fazer!” Queria falar pro mundo... Foi uma época boa! Muita produção. Bem legal!

O público também estava ávido disso, entendeu? O público também pensava como a gente, mas o que ele via antes não satisfazia, não ia ao encontro. Então a gente foi ao encontro dessa ansiedade, entendeu? Botar um militante político de esquerda no palco... A gente fazia isso. Tinha uma personagem que era um militante de esquerda, ele querendo conscientizar a favela... então a história era mais ou menos por aí, ia ao encontro do que as pessoas estavam querendo. Havia uma ânsia por mudança.

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Notas

1. Essa distinção, sobretudo entre trascrição e transcriação, faz parte da metodologia da história oral utilizada pelo pesquisador, que se vale de um conjunto de procedimentos, que se inicia na própria elaboração do projeto de pesquisa. De forma simples, podemos definir transcriação como a passagem do oral para o escrito, isto é, transcrever tudo que foi falado, tanto do entrevistador como do entrevistado; já transcriar é aproximar-se do literário, posto ser uma prática utilizada primeiro na tradução de poemas, em especial por Haroldo de Campos, assim, transcriar é deixar o texto corrido, como um texto literário, é um outro texto, sem deixar de ser o mesmo, por isso desaparecem as perguntas, ficando apenas os tópicos da conversa, bem como as repetições tão característico da oralidade, assim, a palavra fica integralmente com o entrevistado. 

terça-feira, 3 de maio de 2022

Mostra A Cena Negra Amazônica (2ª edição) - PROGRAMAÇÃO COMPLETA

Mostra A Cena Negra Amazônica chega a sua segunda edição, com transmissão online e gratuita. Confira toda a programação.


Nos dias 05, 06 e 07 de maio, será realizada a Mostra A Cena Negra Amazônica (2ª edição), que contará com apresentações de obras artísticas e debates sobre a temática afro diaspórica com artistas-pesquisadores do Brasil. Para Jamile Soares, idealizadora do projeto, “realizar apresentações e debates com foco nas questões do povo negro é de suma importância para difusão dos conhecimentos para os habitantes da região amazônica, assim como uma forma de reparo social por tentativas históricas de nos invisibilizar”. Dentre as participações teremos artistas e coletivos dos estados do Pará, Mato Grossso, São Paulo e Rondônia (confira programação abaixo).

A segunda edição da Cena Negra Amazônica vem para enaltecer a cultura negra e por consequência a cultura amazônica e de todo o país, com obras artísticas, debates e roda de conversa que fortalecem o movimento negro amazônico, oportunizando a muitos artistas e ativistas negros e negras a mostrarem seus trabalhos e pesquisas, trocando experiências com pessoas de todo Brasil, inspirando muitas pessoas e levando informações primordiais para nossa sociedade. Faz-se necessário ter espaço para ecoar as vozes dos artistas e ativistas negros e negras, e como afirmava Lélia Gonzalez: “Em razão disto é ir à luta e garantir os nossos espaços que, evidentemente, nunca nos foram concedidos”.

As transmissões ocorrerão via plataforma digital, pelos canais do Teatro Ruante (YouTube e Facebook), com duração de até duas horas cada a dia. Os debates contarão com mediação e com intérpretes de Libras visando a acessibilidade da comunidade surda.

O projeto foi contemplado no Edital nº 32/2021/SEJUCEL-CODEC – 2ª Pacaás Novos Prêmio Para Difusão de Festivais, Mostras e Feiras Artístico-Culturais – EIXO II, Categoria I – Artes Cênicas.


PROGRAMAÇÃO

Dia 05/05: Curta-metragem Escreviventes – Coletivo Negro Universitário UFMT/MT

Escreviventes - foto Pedro Soares

Escreviventes
é composto por performances poéticas de corporeidades pretas que revelam aspectos e sentidos de pessoas afrodiaspóricas com individualidades singulares, apresentando diversidades de escrevivências em que elas são o centro de um universo imenso de histórias pretas, materialidades e subjetividades presentes no cotidiano acadêmico. As performances revelam a pluriversalidade africana, brasileira e quilombola, nas expressões artísticas, lugar de pensamento e outras inscrições.

Ficha Técnica
Título: Escreviventes
Ano de produção: 2021
País: Brasil
Duração: 10 minutos
Classificação: 10 anos
Gênero: Biografias
Direção: Zizele Ferreira e Vinicius Brasilino
Roteiro: Zizele Ferreira
Gravação e fotografias: Luana Sampaio
Edição: Silvano Junior
Poetas: Lupita Amorim, Pedro Soares e Vinicius Brasilino
Fotos: Luana Sampaio, Luzo Reis e Júlia Tinan
Realização: Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre Relações Raciais e Educação - NEPRE
Produção executiva: Candida Soares da Costa, Filipe Silva e Zizele Ferreira

Sobre o coletivo
O Coletivo Negro Universitário da UFMT - Campus Cuiabá, Mato Grosso/ CNUUFMT tem por objetivo reunir discentes, docentes da Rede Básica de Ensino e Ensino Superior, servidores públicos e terceirizados e a comunidade externa à academia em torno da temática da Educação das Relações Étnico-Raciais e Educação quilombola, buscando contribuir para que seus integrantes ampliem a compreensão das dinâmicas sociais que envolvem a comunidade negra no âmbito local e regional no que diz respeito ao reconhecimento e valorização dos conhecimentos, das vidas negras e quilombolas e no combate ao racismo.


Espetáculo: Divinas Cabeças - Coletivas Xoxós/PA

Divinas Cabeças - foto Danielle Cascaes

Divinas Cabeças
revela o protagonismo da mulher negra, em uma metrópole da Amazônia urbana, contemporânea e neocolonizada. No centro do processo de criação, uma questão-desejo de infância: “eu quero uma boneca que se pareça comigo! Que se pareça comigo...”. O espetáculo é fala cênica em resposta poética à pergunta-desejo da criança, mas também ao mundo em travessias pandêmicas, por entre ancestralidades, negritude, espiritualidade, diferença, cura. Enquanto Teatro Dadivoso e seguindo os princípios da bioescritura, do teatro ao alcance do tato e do protagonismo de mulheres em cena, as experiências de vida da performer se entremeiam a uma pergunta subliminar devolvida ao espectador: quantas cabeças pensam o nosso viver? Quem nos pensa?

Ficha técnica
Performance e Dramaturgia: Andréa Flores
Performance Musical: Leoci Medeiros
Direção Musical: Leoci Medeiros e Thales Branche
Direção Vocal: Thales Branche
Preparação Vocal: Tainá Coroa
Trilha Original: Thales Branche, Andréa Flores e Leoci Medeiros
Iluminação: Vandiléia Foro e Coletivas Xoxós
Ambientação Cenográfica e Figurino: Coletivas Xoxós
Confecção de Bonecas de Pano: Rejane Sá
Fotografia e Design Gráfico: Danielle Cascaes
Assessoria de Imprensa: Lucas Del Corrêa
Gerenciamento de Mídia: Lucas Corrêa e Yasmin Seraphico
Direção de Palco: Roberta Flores e Leoci Medeiros
Produção Audiovisual: Grazi Ribeiro
Direção Audiovisual: Alexandre Baena
Encenação e Direção Cênica: Wlad Lima

Sobre o coletivo
O Coletivas Xoxós é um coletivo de teatro de Belém-PA, existente desde 2014. Formado a partir da amizade e convívio entre mulheres de teatro, iniciou seu trabalho no ano de 2014. Desde então, foram produzidos seis espetáculos, sendo Divinas Cabeças o mais recente, em uma vertente que o coletivo chama de Teatro Dadivoso. O Coletivas Xoxós cumpre residência no Teatro do Desassossego, espaço cultural alternativo situado no porão de um casarão histórico do centro de Belém, e segue em atuação no que reconhece como três vertentes principais: as bioescrituras poéticas (histórias de vida em cena), o teatro ao alcance do tato e o protagonismo de mulheres amazônidas.


Dia 06/05: Aula de dança – Gu Ieladian / RO

Gu Ieladian - divulgação

Tutorial de uma coreografia, sentaDONA remix, uma música do estilo pop/bregafunk que está super em alta nas paradas músicais. A coreografia é baseada na original (coreógrafo Flávio Verne e do tiktok), com adaptações do canal da FitDance. Vai ser ensinado 50 segundos da música.

Sobre a artista
Gu Ieladian, amante da dança desde sempre (começou a dançar com É o Tchan), mas profissional como dançarina e professora de dança desde 2013. Já dançou em diversos eventos e lugares de Porto Velho, desde a Flor do Maracujá, Shopping, Mercado Cultural entre outros, já viajou para outros estados para concursos e workshops de dança (como Zumba, Kpop, FitDance), tendo até dado aula de dança fora do país (Irlanda, 2016). Já fez aula de diversos estilos de dança, mas atualmente trabalhando com FitDance e Danças Urbanas (como Jazz Funk).


Pocket Show – Sarah Soul / RO

Sarah Soul - foto Mateus Fidelis

Sarah Soul apresenta um show autoral com músicas inéditas que serão lançadas no seu próximo álbum chamado “correria”.

Sobre a artista
A cantora de 25 anos é natural de Porto Velho/RO e iniciou sua trajetória com a música muito cedo na igreja, influenciada pelas mulheres cantoras de sua família, sua mãe e tia. A artista vive da música há 5 anos fazendo shows em pubs, restaurantes, eventos corporativos e teatros. Ela canta e é inspirada por estilos como black music, jazz, blues, pop, r&b entre outros, e essas influências se refletem no seu trabalho autoral.




Dia 07/05: Curta-metragem performativo Sobre pele, palavras e decomposição – Amanara Brandão / RO

Sobre pele, palavras e decomposição
foto Cleber Cardoso

No curta-metragem Sobre pele, palavras e decomposição, o recurso do hibridismo de linguagens é utilizado para a criação de uma "experiência audiovisual literário-performativa" de celebração do movimento, da poesia cotidiana e da indocilidade dos corpos. Com textos autorais apresentados através de cinco breves cenas, a autora constrói sua poética audiovisual através das palavras, das luzes, da musicalidade, da corporeidade e da atuação performativa.

Ficha Técnica
Direção, texto e performance: Amanara Brandão Lube
Câmera e montagem: Rafa Brito Correia
Trilha sonora: João Belfort
Iluminação: Chicão Santos
Atriz convidada: Flávia Diniz
Fotos: Cleber Cardoso
Locação: Espaço Tapiri
Produção: Amanara Brandão Lube

Sobre a artista
Amanara Brandão Lube (24/11/97, Porto Velho/RO), artista afroamazônida - Atua na cena teatral nacional desde 2014 com o grupo O Imaginário e desenvolve trabalhos independentes como escritora, produtora cultural, performer e artista-pesquisadora em Performance Art. Graduada em Licenciatura em Teatro pela Universidade Federal de Rondônia.


Show Derramagoa de Mulher – Clarianas / SP

Clarianas - foto Nego Júnior

"Cânticos de Cura, Proteção e Asè" Clarianas apresenta neste show, cânticos para evocar a força de proteção e cura que tanto necessitamos neste momento específico do país e do mundo.

Ficha técnica
Cantadeiras: Naruna Costa/Martinha Soares/Naloana Lima
Violão e Viola: Giovani di Ganzá
Violino e Rabeca: Carla Raiza
Baixo: Augusto Iúna
Percussão: Jackie Cunha
Arranjos: Giovani Di Ganzá
Direção Musical: Naruna Costa

Equipe Técnica:
Roudie/Cenógrafo e iluminador: Rager Luan
Produtor: Washington Gabriel
Estudio 185
Direção audiovisual:Beto Mendonça
Câmeras: Gabi Oliveira e Bruno Marques
Técnico de som: Gustavo Du Vale

Parcerias:
Figurinos: Casa Cléo e Ateliê Sal
Jóias: Arte Ameríndia (ponte da Alice Haibara com a arte das mulheres das tribos Kaiapó, Xucuru, funiô e do Xingu)
Fotos: Nego Júnior e Bia Verella

Sobre o grupo
Clarianas é um grupo de cantadeiras urbanas que investiga a voz da mulher “ancestral” na música popular do Brasil. A voz é o fio condutor que revela um amplo universo sonoro, genuinamente brasileiro, que vai desde os Cânticos indígenas aos Aboios Sertanejos, passando pelas Brincantes do Côco, Ladainhas do Catolicismo Popular, Sambas de Roda, Maracatus, Xotes, Rezas e Tambores Africanos.


SOBRE A PROPONENTE DA MOSTRA A CENA NEGRA AMAZÔNICA

Jamile Soares é produtora, atriz e palhaça com 8 anos de experiência cênica, integrante dos coletivos Teatro Ruante, Trupe dos Conspiradores e Cia Peripécias. Com o Ruante foi ganhadora dos Prêmios Funarte de estímulo ao Circo 2019, Prêmio Sesc de Incentivo a Arte Cênica 2018 – (2018); com o mesmo coletivo integrou a produção da Mostra de Repertório do Teatro Ruante (2017 e 2018), como atriz atuou em diversos espetáculos dos grupos citados como Era uma vez João e Maria... e ainda é, CIDADE GRANDE, joão ninguém e Um inimigo do povo. Mais recentemente, participou do Curso de Extensão Estudos em Teatro Negro (2020), Curso em Dramaturgia Negra (2020) e do Grupo de Extensão em Crítica Teatral da UNIR.


SERVIÇO
O QUE: Mostra A Cena Negra Amazônica (2ª edição)
QUANDO: Dias 05, 06 e 07 de maio de 2022 às 19h (horário de Rondônia).
ONDE: pelos canais do Teatro Ruante – YouTube e Facebook
MAIORES INFORMAÇÕES: (69) 99201-6765

Fonte: Assessoria de Imprensa da Produção


O Imaginário estreia novo espetáculo - Meu amigo inglês

 

Novo espetáculo d`O Imaginário e um pouco da história do teatro rondoniense.

Por Adailtom Alves Teixeira

Mário Zumba - foto Eliane Viana
No dia 30 de abril de 2022, no espaço cultural Tapiri, gerido pelo grupo O Imaginário, pude assistir ao novo trabalho do coletivo, Meu amigo inglês, e realizei uma conversa com o dramaturgo e diretor do espetáculo, Mário Zumba, que também atuou naquela apresentação. Zumba esteve em Porto Velho por alguns dias, justamente para realizar o projeto de montagem, que foi contemplado no Edital Nº 35/2021/SEJUCEL-CODEC 2ª Edição Jair Rangel Pistolino Prêmio de Produção Audiovisual e Artes Cênicas, com recursos da Lei Federal 14.017/2020 (Lei Aldir Blanc).


A noite da apresentação acabou se tornando um grande encontro dos artistas da cidade, que foram ao Tapiri prestigiar o novo espetáculo – um importante retorno do teatro à sua modalidade original, na forma presencial – e muitos aproveitaram para rever o amigo Mário Zumba, que residiu e fez teatro por estas plagas na década de 1980. Entre o público presente artistas como Ângela Cavalcante, Marlúcio Emídio e Eri Pinheiro, do Quebracabeça; Suely Rodrigues do Raízes do Porto; Eliézer Wanderley da Silva, que trabalhou com Jango Rodrigues no Grupo Porantim; artistas da música como Dadá (Adaides Batista), um dos criadores do Cabeça de Negro, Bado, Bira Loureço e Júlio Yriarte; artistas da dança como Andréa Melo; Selma Pavanelli, integrante do Teatro Ruante e professores de teatro da Universidade Federal de Rondônia, Alexandre Falcão e o autor destas linhas, entre tantos/as outros/as que ali estavam.

Após o espetáculo, uma pequena comemoração pelo retorno do teatro e de Zumba à Porto Velho. Mesmo com clima de festa, realizei uma rápida conversa com o dramaturgo e diretor Mário Zumba, pois ele foi, de acordo com alguns presentes, o primeiro dramaturgo premiado nacionalmente no estado de Rondônia nos idos de 1987, ao participar do 15º Concurso Nacional de Dramaturgia Prêmio Pedro Veiga, promovido pelo Ministério da Cultura, com o texto Cuidado com o tamanduá bandeira, um infantil que também recebeu o Prêmio Casa de las Américas, de Cuba. Segundo Zumba, o texto acabou por remeter ao acidente ocorrido no mesmo ano em Goiânia com o césio-137, pois, em suas palavras, o tema do texto é a construção de uma usina atômica pelo tamanduá sobre um formigueiro. À época Zumba era da Aeronáutica e vivia-se o final da ditadura civil-militar, inclusive ele relatou que quando ganhou o prêmio em Cuba ficou um pouco preocupado, no entanto, ele disse que “as Forças Armadas receberam a notícia com certo orgulho e nem perceberam que o texto, para a época, era subversivo”. Hoje na reserva, o autor afirma que sempre levou em paralelo a dupla carreira nas Forças armadas e no teatro.

Zumba continuou e continua escrevendo, inclusive, por conta disso, ele que havia chegado em Porto Velho em 1985, em 1992 foi para o Rio de Janeiro estudar teatro na Unirio. Aqui na capital rondoniense começou fazendo teatro no Sesc, levado por um amigo. Como ele disse, “O teatro chama a gente, onde você estiver ele chama”. A continuidade na dramaturgia fez com que ganhasse outros prêmios, inclusive na cidade do Rio de Janeiro, quando estava por lá. Atualmente o artista reside em Belém e a peça Meu amigo inglês também cumpre temporada por lá desde 2017. Já aqui em Porto Velho, para quem quiser conferir a peça haverá apresentações nos dias 08, 09 e 10 de maio às 20h no Tapiri, na Rua Franklin Tavares, 1353 – Pedrinhas.

A peça aborda de forma sensível a vida de um casal circense, na qual o marido, passa por dificuldades de saúde, a descoberta do mal de Parkison. Apesar do tema dramático, a abordagem se mistura à comicidade dos palhaços. Nos papeis dois artistas que se doam generosamente para a cena, o experiente Chicão Santos, com mais de quatro décadas de teatro e a jovem atriz Flávia Diniz, que não se intimida e se joga por inteira, fazendo com o jogo cênico flua. Quem ganha é o público. Confira a sinopse e o serviço abaixo.



Chicão Santos e Flávia Diniz - foto Eliane Viana

Sinopse: Um circo. Um casal circense. No picadeiro são dois palhaços encantados com a arte de fazer rir. No trailer são marido e mulher, enfrentando, além das dificuldades cotidianas, um inimigo silencioso e desleal: o mal de Parkinson. Esse é o mote de Meu Amigo Inglês. O texto evidencia a vida do artista nos bastidores da arte depois que a função termina; sua fragilidade e seu dia-a-dia comum longe do glamour dos holofotes, quando ele torna-se uma pessoa igual as outras, sujeita aos mesmos sofrimentos e as mesmas alegrias. Um drama recheado de pitadas de humor, afinal, seus personagens são, e continuarão sendo, eternos palhaços, quer seja no picadeiro ou fora dele.


Ficha Técnica

Elenco: Chicão Santos e Flávia Diniz
Figurinos: Zaine Diniz
Cenografia: Chicão Santos e Ismael Barreto (Dona Cida)
Dramaturga Sonora - Denise França Reis
Programação Visual, Filmagem e Registro audiovisual - Édier William, Rafa Brito e Júnior Pereira
Áudio direto: João Belfort
Técnico de Som: Del Porto e Davi Macieira
Arte: Maciste Costa
Costureira: Nilza Batista
Intérprete LIBRAS: Cleffer Fernanda
Iluminação: Edmar Leite
Texto e Direção: Mario Zumba
Assessória de Comunicação: Eliane Viana
Produção: Taquara Produções Ltda

Serviço

No Formato presencial:
Espetáculo Meu Amigo Inglês
Data: 08, 09 e 10/04/2022
Horário: 20h
Local: Tapiri – O Imaginário

No formato virtual:
No próximo dia 20 de maio, será transmitido o espetáculo circense inédito Meu Amigo Inglês, de Mário Zumba.
Transmissão nas redes da Taquara Produções: YouTube e Facebook