O que a busca de um tema para o TCC (Trabalho de Conclusão de
Curso) pode gerar? No caso de Raoní Amaral, aluno do curso de Licenciatura em
Teatro, um espetáculo. A ideia surgiu quando Raoní teve contato com o grupo de
pesquisa GEPIAA (Grupo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares
Afro-Amazônicos) dentro da disciplina História da Cultura Afro-brasileira e
Indígena, ministrada pelo professor doutor Marco Teixeira. O grupo estava iniciando
suas pesquisas sobre a mãe de santo Dona Eunice, que foi uma importante líder
religiosa de Porto Velho. Raoní, o diretor, atravessado pela história, teve a
ideia de montar um espetáculo inspirado nessa temática.
O espetáculo IFÉ da
Cia beradera de Teatro, estreou no dia 23 de março de 2019 e atualmente está em
cartaz. A peça traz questões de religiões de matrizes africanas e contou com a
dramaturgia do próprio diretor. A encenação passa-se em um antigo
''hotel/pousada" localizado na Avenida Sete de Setembro, principal avenida
do centro da cidade. O espaço intimista contribuiu para aproximação entre
público e atores, possibilitando uma interação entre si. A interação dar-se por
meio de olhares, toques, diálogos, porém o público não chega a entrar em cena
junto com os atores, oportunidade que poderia ser aproveitada, como por
exemplo, nos rituais que envolvem as danças.
A música e a dança dialogam o tempo todo com a encenação,
elementos muito bem aproveitados que nos remetem aos terreiros. Vale ressaltar
a questão dos figurinos que caracterizam e representam as religiões de matrizes
africanas.
Ao final do espetáculo existe uma itinerância dentro do
hotel, na qual o público escolhe uma vela; a cor da vela os direciona para um
quarto. As cenas foram criadas pelo próprio elenco e tratam sobre temas de
LGBTfobia, escravidão e a mulher ribeirinha. Uma proposta bem
elaborada do diretor, pois ele proporcionou autonomia aos atores para expressarem
o que queriam.
IFÉ vem como um
grito de protesto contra todo o racismo, violência, preconceito e intolerância
religiosa que estamos vivendo no Brasil e no mundo. O espetáculo expande a
mente do público, tirando-os do senso comum a respeito das religiões de
matrizes africanas.
Stephanie
Caroline Matos Dantas.
Estudante do Curso
de Licenciatura em Teatro (UNIR); critica produzida na disciplina Teorias do
texto dramático e espetacular, ministrada pelo professor Dr. Júnior
Lopes.