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terça-feira, 11 de abril de 2017

Ângela Cavalcante: de rio em rio, a nadar pro mar do teatro


Adailtom Alves Teixeira[1]

Atriz, diretora e professora, Ângela Cavalcante, fez o caminho inverso de muitas atrizes: cursava cinema na UFF (Universidade Federal Fluminense) e abandonou tudo pelo teatro, arte que cursou na Escola Técnica Martins Pena, no Rio de Janeiro, a mais antiga do país. Criadora e criatura de muitos grupos teatrais, saiu do Rio de Janeiro, circulou por diversos países latinos até pousar em Porto Velho em companhia de Alejandro Bedotti, companheiro de cena e de vida por muitos anos.

Passional, como se define em relação ao teatro (e à vida), teve oportunidade de estudar e trocar com pessoas significativas do teatro brasileiro, cabe destacar aqui Amir Haddad e Yan Michalski. Começou a fazer teatro em um momento difícil da história brasileira: ditadura civil-militar. Porém, em fins dos anos 1970, já se vivia o clima da abertura e da Anistia.

Fundou ou fez parte de muitos coletivos como Grupo del Silencio, Cipó e Quebracabeça. Além de ter participado do movimento da CONFENATA (Confederação Nacional de Teatro Amador) e participar de projetos de circulação nacional, pode criar projetos na área de arte-educação junto à Universidade Federal de Rondônia e na pasta da educação do município, de onde saíram diversos artistas.

Criou espetáculos a partir da temática local, sobretudo envolvendo os aspectos do meio ambiente e das lendas, mas também obras significativas da dramaturgia nacional, como A Falecida e Valsa nº 6 de Nélson Rodrigues e Revolução na América do Sul de Augusto Boal, entre outros autores.

Ângela considera o teatro uma ação política, sendo essa também a sua função, devendo sempre instruir, seja a quem faz ou a quem vê. E nisso não há nenhuma concepção pedagógica, no sentido de fazer do teatro algo doutrinário ou jesuítico. Teatro para a diretora é o ato de doar e receber, troca fundamental que só essa arte possibilita.

Traduzir em texto o encontro com Ângela Cavalcante é muito difícil, pois é de um impacto avassalador, a sua pessoa, suas histórias, suas memórias-rios que transbordam e nos inunda com imagens, poesia e a força de uma mulher de classe média que se joga no mundo para viver o teatro e o encontro com o humano.

O encontro ocorreu no dia 30 de março de 2017, na Sala do Piano-Unir Centro e faz parte do projeto de extensão Conversa de Quinta: arte e cultura em debate, realizado por mim. O registro pode ser assistido, ouvido nos links abaixo, mas é certo que o impacto, a força de Ângela Cavalcante, assim como o teatro, é sempre melhor ao vivo.

Áudio completo
https://soundcloud.com/adailtom-alves-teixeira/angela-cavalcante-30-03-17

Vídeo
https://youtu.be/asmyoVKXE_8
https://youtu.be/V2h8Vy5mGmQ

Reflexões




[1] Professor do Curso Licenciatura em Teatro/UNIR; coordenador da linha de pesquisa “Memórias da Cena Amazônica” do Grupo de Pesquisa PAKY`OP.