Adailtom Alves Teixeira[1]
Atriz, diretora e professora, Ângela Cavalcante, fez o caminho inverso de muitas atrizes: cursava cinema na UFF
(Universidade Federal Fluminense) e abandonou tudo pelo teatro, arte que cursou
na Escola Técnica Martins Pena, no Rio de Janeiro, a mais antiga do país.
Criadora e criatura de muitos grupos teatrais, saiu do Rio de Janeiro, circulou
por diversos países latinos até pousar em Porto Velho em companhia de Alejandro
Bedotti, companheiro de cena e de vida por muitos anos.
Passional, como se define em relação ao teatro (e à vida),
teve oportunidade de estudar e trocar com pessoas significativas do teatro
brasileiro, cabe destacar aqui Amir Haddad e Yan Michalski. Começou a fazer
teatro em um momento difícil da história brasileira: ditadura civil-militar.
Porém, em fins dos anos 1970, já se vivia o clima da abertura e da Anistia.
Fundou ou fez parte de muitos coletivos como Grupo del Silencio, Cipó e Quebracabeça. Além de ter participado do movimento da CONFENATA
(Confederação Nacional de Teatro Amador) e participar de projetos de circulação
nacional, pode criar projetos na área de arte-educação junto à Universidade
Federal de Rondônia e na pasta da educação do município, de onde saíram diversos
artistas.
Criou espetáculos a partir da temática local, sobretudo
envolvendo os aspectos do meio ambiente e das lendas, mas também obras
significativas da dramaturgia nacional, como A Falecida e Valsa nº 6 de Nélson Rodrigues e Revolução na América do Sul de Augusto Boal, entre outros autores.
Ângela considera o teatro uma ação política, sendo essa também
a sua função, devendo sempre instruir, seja a quem faz ou a quem vê. E nisso
não há nenhuma concepção pedagógica, no sentido de fazer do teatro algo doutrinário
ou jesuítico. Teatro para a diretora é o ato de doar e receber, troca
fundamental que só essa arte possibilita.
Traduzir em texto o encontro com Ângela Cavalcante é muito
difícil, pois é de um impacto avassalador, a sua pessoa, suas histórias, suas
memórias-rios que transbordam e nos inunda com imagens, poesia e a força de uma
mulher de classe média que se joga no mundo para viver o teatro e o encontro com
o humano.
O encontro ocorreu no dia 30 de março de 2017, na Sala do
Piano-Unir Centro e faz parte do projeto de extensão Conversa de Quinta:
arte e cultura em debate, realizado por mim. O registro pode ser assistido,
ouvido nos links abaixo, mas é certo que o impacto, a força de Ângela
Cavalcante, assim como o teatro, é sempre melhor ao vivo.
https://soundcloud.com/adailtom-alves-teixeira/angela-cavalcante-30-03-17
Vídeo
https://youtu.be/asmyoVKXE_8
https://youtu.be/V2h8Vy5mGmQ
[1]
Professor do Curso Licenciatura em Teatro/UNIR; coordenador da linha de
pesquisa “Memórias da Cena Amazônica” do Grupo de Pesquisa PAKY`OP.